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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Roger Maioli dos Santos

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Roger Maioli dos Santos nasceu em Carapicuíba, SP, e desde 2009 é professor de literatura inglesa e composição na Universidade Johns Hopkins, EUA.  É bacharel em Comunicação Social e Jornalismo pela Universidade Anhembi-Morumbi, São Paulo (2002), mestre em Estudos Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo (2006) mestre em Literatura Inglesa pela Universidade Johns Hopkins, EUA (2011), e doutor em Literatura Inglesa pela mesma Universidade (2015).

Começou a traduzir profissionalmente no ano 2000, enquanto cursava Comunicação Social na Universidade Anhembi-Morumbi. Seu primeiro trabalho como tradutor foi para a extinta editora Market Books, quando traduziu uma breve coletânea de poemas populares. Em seguida também traduziu para as editoras M. Books, Ediouro, Unesp, Martins Fontes e Ateliê Editorial. Antes de exercer a atividade de tradutor, atuou como mecânico de refrigeração, pesquisador de mercado, vendedor técnico e revisor.

Interrompeu a carreira de tradutor em 2008 quando se mudou para Baltimore, para iniciar o doutorado. Porém, nos EUA fez uma tradução durante o doutorado, vertendo para o inglês a Carta do Achamento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha.

Roger Maioli dos Santos tem uma extensa produção tradutória, pois em nove anos traduziu mais de 60 obras, nos mais diversos campos, como: quadrinhos, história, tradução, literatura, economia, romance, história da arte e fotografia, ciências políticas, militar, entre outras.

Uma das suas obras mais significativas é a obra A tradução cultural nos primór­dios da Europa Moderna (2009), organizada por Peter Burke e Ronnie Po-chia Hsia, a qual apresenta uma visão geral da tradução nos primórdios da Eu­ropa Moderna e discute a relação entre línguas no contexto da tra­dução entre culturas. O livro é composto por 12 ensaios que partem do princí­pio de que a prática da tradução foi fundamental para os grandes movimentos culturais da Europa Moderna: Renascimento, Refor­ma, revolução científica e Ilu­minismo.  Nos en­saios são debatidos temas como ma­neiras de traduzir, normas, estratégias e convenções que regiam a prática da tradução naqueles períodos. Os autores dão destaque para traduções de tex­tos não literários, como por exemplo, textos religiosos, polí­ticos e científicos.

Outra tradução de Roger Maioli dos Santos foi a do romance A História das Aventuras de Joseph Andrews e seu Amigo o Senhor Abraham Adams, do romancista inglês Henry Fielding (1707-1754). Nessa obra, além da tradução, o tradutor escreveu a introdução e as notas. Trata-se de um livro de grande relevância para a história da literatura inglesa, já que é uma das obras fundadoras do romance inglês do século XVIII.

Roger Maioli dos Santos salienta que a maioria dos livros por ele traduzidos não envolveu qualquer decisão metodológica, pois o que as editoras esperam de uma obra não literária, ou seja, de uma obra de divulgação ou informação, é fidelidade num sentido estrito. Já no caso dos romances, o tradutor afirma ter tido maior poder de escolha tradutória. Ele ainda relata que sempre gostou e se inspirou no trabalho de tradução de Octavio Mendes Cajado para desenvolver sua atividade como tradutor.

Verbete publicado em 23 de July de 2015 por:
Marilene Kall Alves
Karine Simoni

Excertos de traduções

Excerto de A história das aventuras de Joseph Andrews e seu amigo o senhor Abraham Adams, de Henry Fielding. Tradução de Roger Maioli dos Santos.

As I was one day at St James's coffee-house, making very free with the character of a young lady of quality, an officer of the guards, who was present, thought proper to give me the lye. I answered I might possibly be mistaken, but I intended to tell no more than the truth. To which he made no reply but by a scornful sneer. After this I observed a strange coldness in all my acquaintance; none of them spoke to me first, and very few returned me even the civility of a bow. The company I used to dine with left me out, and within a week I found myself in as much solitude at St James's as if I had been in a desart. An honest elderly man, with a great hat and long sword, at last told me he had a compassion for my youth, and therefore advised me to show the world I was not such a rascal as they thought me to be. I did not at first understand him; but he explained himself, and ended with telling me, if I would write a challenge to the captain, he would, out of pure charity, go to him with it. "A very charitable person, truly!" cried Adams. I desired till the next day, continued the gentleman, to consider on it, and, retiring to my lodgings, I weighed the consequences on both sides as fairly as I could. On the one, I saw the risk of this alternative, either losing my own life, or having on my hands the blood of a man with whom I was not in the least angry. I soon determined that the good which appeared on the other was not worth this hazard. I therefore resolved to quit the scene, and presently retired to the Temple, where I took chambers.

Estando eu certo dia no Café St. James a pintar e bordar com o caráter de uma jovam dama de qualidade, um oficial da guarda que se achava presente houve por bem desmentir-me. Respondi que eu poderia estar enganado, mas que não tencionara dizer mais que a verdade. A isto ele não deu réplica senão com um esgar desdenhoso. Depois disso, observei uma estranha frieza em todos os meus conhecidos; nenhum deles puxava conversa comigo, e pouquíssimos me retribuíam a mera cortesia de uma mesura. O grupo com quem eu costumava jantar me excluiu, e em uma semana descobri-me numa tal solidão em St. James como se estivesse num deserto. Um honesto senhor de idade, de chapéu largo e espadão, disse-me por fim que se compadecia da minha juventude, e portanto me aconselhava a mostrar ao mundo que eu não era um tal biltre como supunham. A princípio eu não o entendi. Mas ele se explicou, e concluiu dizendo-me que, se eu escrevesse um desafio para o capitão, ele por pura caridade o entregaria. — Pessoa muito caridosa, deveras! — exclamou Adams. — Pedi até o dia seguinte — prosseguiu o cavalheiro — para considerar o assunto, e, recolhendo-me a meus aposentos, pesei as consequências de um e outro lado tão justamente quanto pude. Em um deles, eu via o risco destas alternativas: ou perder minha vida, ou ter em minhas mãos o sangue de um homem com o qual não estava em absoluto irritado. Logo concluí que as vantagens visíveis no outro não justificavam esse risco. Resolvi assim mudar de ares, e pouco depois mudei-me para o Templo, onde aluguei aposentos.

FIELDING, Henry. The History of the Adventures of Joseph Andrews and his Friend Mr. Abraham Adams. London: A. Millar, 1742, p. 182-183.

FIELDING, Henry. A história das aventuras de Joseph Andrews e seu amigo o senhor Abraham Adams. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Ateliê Editoral, 2011, p. 246.

Excerto de A tradução cultural nos primórdios da Europa moderna, de Peter Burke. Tradução de Roger Maioli dos Santos.

Amplifications might introduce new messages as well as reinforcing existing ones. Pipino’s translation of Marco Polo, for instance, inserted condemnations of Islam. Jacques Gohorry’s translation of Machiavelli’s Discorsi announces on the title-page that the discourses have been ‘revised and augmented’ (reueuz et augmentez). The translation of Erasmus’s Enchiridion by Alonso Fernández has become as notorious for its amplification of the original text as for its omissions. It was not an aberration but simply an extreme example of a general tendency to be found in the Renaissance culture of translation.The most famous example of amplification is probably Fischart’s translation of Rabelais, the Geschichtsklitterung (1575). In this case the rivalry between translator and author is particularly clear. For example, the already long lists dear to the original author, like the 200-odd games played by the young giant Gargantua, are expanded still further in the translation. Fischart never used one word when two or three would serve his purpose, out-rabelaising Rabelais and inventing a grotesque polysyllabic language of his own. He was emulated in this respect in the following century by the Scottish translator Sir Thomas Urquhart. The extra material was something derived from other texts that the ‘translator’ assembled in a kind of collage, a practice that the German translator Aegidius Albertinus already described as Colligiren.

As ampliações podiam introduzir novas mensagens, além de reforçar as existentes. A tradução de Marco Polo por Pipino, por exemplo, incluiu condenações do islã. A tradução dos Discorsi [Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio], de Maquiavel, por Jacques Gohorry, anuncia na página de rosto que os discursos foram “revisados e aumentados” (reueuz et augmentez). A tradução do Enchiridion [Manual do soldado cristão], de Erasmo, por Alonso Fernández se tornou tão notória por sua ampliação do texto original como por suas omissões. Não era uma aberração, simplesmente um exemplo extremo de uma tendência geral a ser encontrada na cultura renascentista da tradução. O mais famoso exemplo de ampliação é provavelmente a tradução de Rabelais por Fischart, a Geschichtesklitterung [Colagem da história] (1575). Nesse caso, a rivalidade entre tradutor e autor fica particularmente clara. Por exemplo, as já longas listas caras ao autor original, como os 200 e tantos jogos com que brincava o jovem gigante Gargântua, são expandidas ainda mais na tradução. Fischart nunca usava uma palavra quando duas ou três servissem a seu propósito, sobre-rabelaisiando Rabelais e inventando uma grotesca linguagem polissilábica toda sua. Nesse sentido, ele foi imitado no século seguinte pelo tradutor escocês Sir Thomas Urquhart. O material extra às vees era derivado de outros textos que o “tradutor” juntava em uma espécia de colagem, prática que o tradutor alemão Egídio Albertino já designara como Colligiren.

BURKE, Peter. Cultural Translation in Early Modern Europe. Cambridge: Cambridge University Press, 2007, p. 32.

BURKE, Peter. A tradução cultural nos primórdios da Europa moderna. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Unesp, 2008, p. 39 e 40.

Bibliografia

Traduções Publicadas

Amsden, Alice H. A ascensão do "resto". [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Unesp, 2004. (The Rise of the "Rest" ). Economia.

McCloud, Scott. Desenhando quadrinhos. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2008. (Making Comics). Quadrinhos.

McCloud, Scott. Reinventando os quadrinhos. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2006. (Reinventing Comics). Quadrinhos.

Turnbull, Stephen. Samurai: O lendário mundo dos guerreiros. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2006. (Samurai: The World of the Warrior). História militar.

Gilbert, Adrian. Enciclopédia das guerras. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2005. (The Encyclopedia of Warfare). História militar.

Wright, John D. História da guerra civil americana. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2008. (A Chronology of the American Civil War). História militar.

Anderson, M. T. A espantosa vida de Octavian Nothing, vol. 1. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Martins Fontes, 2006. (The Astonishing Life of Octavian Nothing, Vol. 1). Romance.

Fielding, Henry. Joseph Andrews. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011. (Joseph Andrews). Romance.

Bell, Julian. Espelho do mundo: Uma nova história da arte. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Martins Fontes, 2007. (Mirror of the World: A New History of Art). História da arte.

Burke, Peter, e Hsia, R. Po-chia (ed.). A tradução cultural nos primórdios da Europa moderna. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Unesp, 2008. (Cultural Translation in Early Modern Europe). História cultural.

Giddens, Anthony (ed.). O debate global sobre a terceira via. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Unesp, 2006. (The Global Third-Way Debate). Ciência política.

Spignesi, Stephen J. Tentativas, atentados e assassinatos que estremeceram o mundo. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2004. (In the Crosshairs: Famous Assassinations and Attempts). História.

Weill, Peter, e Ross, Jeanne W. Governança de TI . [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2006. (IT Governance). Tecnologia da informação.

Weill, Peter, Ross, Jeanne W., e Robertson, David. Arquitetura de TI como estratégia empresarial. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2007. (Enterprise Architecture as Strategy). Tecnologia da informação.

Stone, Phil. O plano de negócios definitivo. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2001. (The Ultimate Business Plan). Administração.

Rifkin, Jeremy. A economia do hidrogênio. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2003. (The Hydrogen Economy). Economia.

Devries, Kelly. Batalhas medievais 1000-1500. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2006. (Battles of the Medieval World). História militar.

Westerman, George, e Hunter, Richard. O risco de TI. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2007. (IT Risk). Tecnologia da informação.

Tapscott, Don, e Ticoll, David. A empresa transparente. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2005. (The Naked Corporation). Administração.

Jaffe, Joseph. O declínio da mídia de massa. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2008. (Life after the 30-Second Spot). Mídia digital.

Winn, Charles, e Wiggins, Arthur. As cinco maiores idéias da ciência. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Ediouro, 2002. (The Five Biggest Ideas in Science ). Popularização científica.

Wright, Jeremy. Blog marketing. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2008. (Blog Marketing). Mídia digital.

Rifkin, Jeremy. O fim dos empregos. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2004. (The End of Work). Ciência política.

Rifkin, Jeremy. O sonho europeu. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2005. (The European Dream). Ciência política.

Weir, William. 50 batalhas que mudaram o mundo. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2003. (50 Battles that Changed the World). História militar.

Krug, Steve. Não me faça pensar. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: Market Books, 2001. (Don't Make Me Think). Mídia digital.

Albrecht, Karl. Inteligência social: A nova ciência do sucesso. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2006. (Social Intelligence: The New Science of Success). Administração.

Weir, William. 50 líderes militares que mudaram a humanidade. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2008. (50 Military Leaders Who Changed the World). História militar.

Richard, Donkin. Sangue suor & lágrimas: a evolução do trabalho. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2003. (The History of Work). Ciência política.

Leif,Edvinsson. Longitude Corporativa. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2003. (Corporate Longitude: What you need to know to navigate the knowledge economy). Economia.

Rush, Dozier Jr. Por Que Odiamos. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2004. (Why We Hate). Psicologia.

Ray, D. Strand. O Que o Seu Médico Não Sabe Sobre Medicina Nutricional Pode Estar Matando Você. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2002. (What Your Doctor Doesn't Know About Nutritional Medicine May Be Killing You). Medicina Alternativa.

Jeffrey, Gitomer. O Livro Negro do Networking. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2007. (Little Black Book of Connections). Administração.

David, R. Caruso; Peter Salovey. Liderança Com Inteligência Emocional. [Por: Roger Maioli dos Santos]. São Paulo: M. Books, 2006. (The Emotionally Intelligent Manager). Administração.

Obra própria

SANTOS, Roger Maioli. Empiricism and Henry Fielding’s Theory of Fiction. Eighteenth-Century Fiction, 27, 2, Winter 2014-15. (Indicado para o Clifford Prize 2016).

SANTOS, Roger Maioli. David Hume, Literary Cognitivism, and the Truth of the Novel. SEL Studies in English Literature 1500-1900, 54, 3, Summer 2014.

SANTOS, Roger Maioli. Hume’s opinion of Tristram Shandy. The Shandean, Vol. 25, 2014.

SANTOS, Roger Maioli. Resenha de Sarah Tindal Kareem, Eighteenth-Century Fiction and the Reinvention of Wonder, in Digital Defoe: http://english.illinoisstate.edu/digitaldefoe/ (em processo).

SANTOS, Roger Maioli. Resenha de Paddy Bullard, Edmund Burke and the Art of Rhetoric, for Eighteenth Century Novel 10 (em processo).

SANTOS, Roger Maioli. Metamorfoses inglesas de Dom Quixote. Crop, 11, 2006.

 

Atualmente Roger vem finalizando o manuscrito de seu primeiro livro, intitulado Empiricism and the Early Theory of the Novel. Ainda está negociando a publicação com editores. 

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ISBN:   85-88464-07-1

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