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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Robson Ortlibas

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Natural de São Paulo, Robson Ortlibas é tradutor de russo para inglês e português e de inglês para português. Autodidata no aprendizado do inglês, iniciou os estudos de russo da mesma maneira, mas, após dois anos, passou a estudar com a ajuda de um professor, totalizando sete anos de estudo da língua.

Iniciou sua carreira de tradutor em 2012, ainda cursando bacharelado em tradução e interpretação (inglês-português) na Universidade Nove de Julho.

Seus primeiros trabalhos na área de tradução foram com textos jurídicos. Em seguida, trabalhou com tradução audiovisual, criando legendas e textos para dublagens para todos os tipos de produções audiovisuais, desde aquelas para a indústria do entretenimento até produções para áreas técnicas e corporativa.

A tradução literária era uma paixão desde o início de sua carreira. Sua primeira tradução foi publicada em 2019.

Ortlibas escreve sobre tradução nas redes sociais, principalmente no LinkedIn. Mas, segundo ele, são mais divagações do ofício do tradutor de literatura russa: “Gosto de registrar as dificuldades (e facilidades, quando há) de um tradutor de literatura russa. Procuro também ajudar a todos os tradutores iniciantes, sejam de quaisquer idiomas ou áreas da tradução.”

Sua relação com as teorias da tradução é mais pragmática. Ele afirma que, ao longo dos anos, passou a não mais pensar mais nelas ao traduzir, pois acredita que elas estejam “internalizadas” durante o processo de tradução. Entretanto, ele utiliza determinadas práticas que não estão distantes de questões teóricas, como os decalques, explicitações etc.

A liberdade de que dispõe em suas traduções fica mais no âmbito da escolha das palavras, e não tanto das obras que traduz, geralmente indicadas pelas editoras. Ortlibas chama a atenção para o grau de exigência dos leitores de literatura russa que, segundo ele, conhecem razoavelmente bem a cultura e os autores. E revela: “Como muitas editoras não conhecem o idioma russo ou a literatura russa, tenho a liberdade na criação das notas de rodapé, pois os leitores deste segmento gostam e estão acostumados a elas. De resto, procuro manter o estilo e as escolhas dos autores.”

Além de atuar como tradutor, mantém o canal e podcast “Russística”, onde apresenta temas sobre tudo o que envolve o estudo da russística: literatura, história, política, cinema, pintura, dança, teatro e costumes russos. 

 

Verbete publicado em 6 de October de 2023 por:
Bianca Melyna Negrello Filgueira
Gilles Jean Abes

Excertos de traduções

Excerto de A morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói. Tradução de Robson Ortlibas

Петр Иванович вошел, как всегда это бывает, с недоумением о том, что ему там надо будет делать. Одно он знал, что креститься в этих случаях никогда не мешает. Насчет того, что нужно ли при этом и кланяться, он не совсем был уверен и потому выбрал среднее: войдя в комнату, он стал креститься и немножко как будто кланяться. Насколько ему позволяли движения рук и головы, он вместе с тем оглядывал комнату. Два молодые человека, один гимназист, кажется, племянники, крестясь, выходили из комнаты. Старушка стояла неподвижно. И дама с странно поднятыми бровями что-то ей говорила шепотом. Дьячок в сюртуке, бодрый, решительный, читал что-то громко с выражением, исключающим всякое противоречие; буфетный мужик Герасим, пройдя перед Петром Ивановичем легкими шагами, что-то посыпал по полу. Увидав это, Петр Иванович тотчас же почувствовал легкий запах разлагающегося трупа. В последнее свое посещение Ивана Ильича Петр Иванович видел этого мужика в кабинете; он исполнял должность сиделки, и Иван Ильич особенно любил его. Петр Иванович все крестился и слегка кланялся по серединному направлению между гробом, дьячком и образами на столе в углу. Потом, когда это движение крещения рукою показалось ему уже слишком продолжительно, он приостановился и стал разглядывать мертвеца.

Como sempre acontece, Piotr Ivanovitch entrou perplexo com o que ele precisaria fazer ali. Uma coisa ele sabia, que fazer o sinal da cruz nestas situações nunca é demais. Não tinha tanta certeza se também deveria se curvar ao mesmo tempo e, portanto, escolheu um meio-termo: ao entrar no quarto, começou a fazer o sinal da cruz e insinuou curvar-se ligeiramente. Tanto quanto o movimento das mãos e da cabeça permitia-lhe, ele também olhava ao redor do quarto. Dois jovens, um colegial, talvez sobrinhos, saíram do quarto fazendo o sinal da cruz. Uma velha senhora permanecia imóvel. Uma dama de estranhas sobrancelhas levantadas sussurrava algo para ela. O sacristão de sobrecasaca, vigoroso e resoluto, lia algo em voz alta com uma expressividade que dispensava qualquer contradição; o auxiliar de copeiro Guerássim, passando diante de Piotr Ivanovitch com passos leves, borrifou algo pelo chão. Vendo isso, Piotr Ivanovitch imediatamente sentiu um leve odor de cadáver em decomposição. Em sua última visita a Ivan Ilitch, Piotr Ivánovitch viu este homem no escritório; ele cumpria a função de cuidador, e Ivan Ilitch o amava de forma especial. Piotr Ivanovitch fazia o sinal da cruz e inclinava-se ligeiramente, em uma posição intermediária entre o sacristão, o caixão e as imagens sobre uma mesa ao canto. Depois. quando o movimento com as mãos, do sinal da cruz, pareceu-lhe duradouro demais, ele parou e começou a olhar para o morto.

 

 

Смерть Ивана Илича – Лев Толстой, 1886 -

TOLSTÓI, Liev. A morte de Ivan Ilitch. Traduzido por Robson Ortlibas. Jandira, SP: Principis, 2019, p. 10.

Excerto de Noites brancas, de Fiódor Dostoiévski. Tradução de Robson Ortlibas.

Есть что-то неизъяснимо трогательное в нашей петербургской природе, когда она, с наступлением весны, вдруг выкажет всю мощь свою, все дарованные ей небом силы опушится, разрядится, упестрится цветами... Как-то не вольно напоминает она мне ту девушку, чахлую и хворую на которую вы смотрите иногда с сожалением, иногда с какою-то сострадательною любовью, иногда же просто не замечаете ее, но которая вдруг, на один миг, как-то нечаянно сделается неизъяснимо, чудно прекрасною, а вы пораженный, упоенный, невольно спрашиваете себя: какая сила заставила блистать таким огнем эти грустные, задумчивые глаза? что вызвало кровь на эти бледные, похудевшие щеки? что облило страстью эти нежные черты лица? отчего так вздымается эта грудь? что так внезапно вызвало силу, жизнь и красоту на лицо бедной девушки, заставило его заблистать такой улыбкой, оживиться таким сверкающим, искрометным смехом? Вы смотрите кругом, вы кого-то ищете, вы догадываетесь... Но миг проходит, и, может быть, назавтра же вы встретите опять тот же задумчивый и рассеянный взгляд, как и прежде, то же бледное лицо, ту же покорность и робость в движениях и даже раскаяние, даже следы какой-то мертвящей тоски и досады за минутное увлечение...

Há algo inexplicavelmente tocante na natureza de Petersburgo quando, com a chegada da primavera, ela manifesta em um impulso toda a sua força, todos os seus poderes concedidos pelo céu, rompe em cores e reveste-se de flores. Sem que eu possa perceber, ela me faz lembrar daquela moça franzina e enferma, para a qual você olha às vezes com pena, às vezes com algum amor compassivo, às vezes simplesmente não a nota, mas que, em um instante, de maneira inesperada e inexplicável, se torna maravilhosamente bela e você, impressionado e fascinado, involuntariamente pergunta a si mesmo que força põe esses olhos tristes e pensativos a brilharem com tal fogo? O que faz agitar o sangue nessas bochechas pálidas e mirradas? O que faz exalar a paixão nesse rosto delicado? De que tanto palpita esse peito? O que provocou, assim de repente, força, vida e beleza no rosto dessa pobre moça, deixando-lhe reluzente com esse sorriso vivaz e com esse riso que reverbera e cintila?

Você olha ao redor, procura por alguém, desconfia... Mas o momento passa e pode ser que amanhã mesmo você reencontre esse mesmo olhar pensativo e distraído, o mesmo rosto pálido, aquela mesma resignação e timidez nos movimentos e até certo remorso, até mesmo vestígios de uma angústia cruel e do enfado após um entusiasmo momentâneo...

 

 

Белые Ночи – Фёдор Достоевский, 1848

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Noites brancas. Traduzido por Robson Ortlibas. Jandira, SP: Principis, 2019, p. 15.

Bibliografia

Traduções Publicadas

TOLSTÓI, Liev. A morte de Ivan Ilitch. [Por: Robson Ortlibas]. Jandira, SP: Principis, 2019 (Смерть Ивана Илича). Novela.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Noites brancas. [Por: Robson Ortlibas]. Jandira, SP: Principis, 2019 (Белые Ночи). Novela.

TOLSTÓI, Liev. Guerra e paz (texto adaptado). [Por: Robson Ortlibas]. Jandira, SP: Principis, 2020 (Война и Мир). Romance histórico.

TOLSTÓI, Liev. Anna Karênina (texto adaptado). [Por: Robson Ortlibas]. Jandira, SP: Principis, 2020 (Анна Каренини). Romance.

TCHEKHÓV, Anton. O corpo morto. [Por: Robson Ortlibas].  São Paulo, SP: KDP, 2021 (Мертвое Тело). Conto.

BRIUSSOV, Valeri. No funeral de Tolstói: Impressões e observações. [Por: Robson Ortlibas]. São Paulo SP: KDP, 2021 (Впечатления и наблюдения). Memórias.

BELIÁEV, Aleksander. Berlim em 1925. [Por: Robson Ortlibas]. São Paulo, SP: KDP, 2021 (Берлин в 1925 году). Ficção científica.

TOLSTÓI, Liev. Françoise. [Por: Robson Ortlibas]. São Paulo, SP: KDP, 2022 (Франcуаза). Conto.

ZAMIÁTIN, Evguêni. A visão. [Por: Robson Ortlibas]. São Paulo, SP: KDP, 2022 (Видение). Conto.

BÁBEL, Isaac. Meu primeiro ganso. [Por: Robson Ortlibas].  São Paulo, SP: Feather, 2023. (Мой Первый Гусь). Conto.

RALSTON, W. R. S. A mãe morta. [Por: Robson Ortlibas].  In: Os melhores contos de fadas sombrios. São Caetano do Sul, SP: Editora Wish, 2023 (Мертвая Мать). Conto.

TOLSTÓI, Liev. Khodínka. [Por: Robson Ortlibas]. São Paulo, SP: Feather, 2023 (Ходинка). Conto.

 

Obra própria

RUSSÍSTICA. Disponível em https://www.youtube.com/@russistica e https://anchor.fm/russistica.

 

LinkedIN https://www.linkedin.com/in/robsonortlibas.  

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