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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Rafael Raffaelli

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Rafael Raffaelli nasceu em 1 de dezembro de 1953 em São Paulo, capital. Poeta, ensaísta, dramaturgo, roteirista, crítico cinematográfico e tradutor de obras literárias, é psicólogo, mestre em Psicologia Social, doutor e pós-doutor em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e também pós-doutor em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É professor titular de Psicologia Clínica aposentado pela UFSC, onde atuou de 1980 a 2014, e foi docente nos cursos de graduação em Cinema e graduação e pós-graduação em Psicologia. Foi também membro do corpo permanente do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC, coordenador do SAPSI (Serviço de Atendimento Psicológico da UFSC), além de editor dos periódicos científicos Interthesis e Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas. Além da produção literária e científica impressa em livros, publicou dezenas ensaios e artigos em periódicos científicos e colaborou em jornais, programas de rádio e de televisão.

Além de ter frequentado cursos de inglês no Brasil e no Reino Unido, cursou durante um semestre a Watertown High School, em Nova York, nos anos setenta, através de um programa de intercâmbio. Travou conhecimento com o espanhol pela leitura dos clássicos em língua espanhola em edição original e através de estudos da tradução espanhola das Obras Completas de Sigmund Freud.

Em 2010, traduziu e publicou, na forma de ensaios, trechos do Livro de Cabeceira (Makura no Soshi) da escritora japonesa Sei Shonagon, a partir da tradução em inglês de Ivan Morris, e os poemas em inglês do cineasta Peter Greenaway, transcritos em japonês nos corpos dos personagens de seu filme The Pillow Book, de 1996. Alguns dos seus ensaios sobre arte estão reunidos no livro Ensaios Sobre Cinema e Pintura, inclusive o conto “Primavera”, baseado em extensa pesquisa realizada em Florença sobre a pintura homônima de Sandro Botticelli.

Como tradutor, tem particular interesse nas obras de Shakespeare. Seu fascínio pelo autor data dos tempos de colégio, quando teve como professor Emílio Fontana, que o apresentou aos grandes dramaturgos.

Suas traduções do autor elisabetano foram motivadas, inicialmente, por razões didáticas: ao propor uma análise psicológica dos personagens de algumas peças com um olhar psicanalítico, teve contato com diferentes traduções utilizadas por seus alunos, o que gerou uma série de incongruências. Para dirimir dúvidas, voltou-se aos originais e percebeu que somente conheceria as peças em profundidade se as traduzisse.

Verbete publicado em 7 de September de 2015 por:
Giovanna Piaz Bressan
Kall Lyws Barroso Sales
Marie-Hélène Catherine Torres

Excertos de traduções

Fragmento de Macbeth, de William Shakespeare. Tradução de Rafael Raffaelli.

Macbeth —:
If it were done when ‘tis done, then ‘twere well
It were done quickly. If th’assassination
Could trammel up the consequence and catch
With his surcease, success, that but this blow
Might be the be-all and the end-all – here,
But here, upon this bank and shoal of time ,
We’d jump the life to come. But in these cases,
We still have judgement here that we but teach
Bloody instructions, which being taught, return
To plague th’inventor. This even-handed justice
Commends th’ingredience to our poisoned chalice
To our own lips. He’s here in double trust:
First, as I am his kinsman and his subject,
Strong both against the deed; then, as his host,
Who should against his murderer shut the door,
Not bear the knife myself. Besides, this Duncan
Hath borne his faculties so meek, hath been
So clear in his great office, that his virtues
Will plead like angels, trumpet-tongued against
The deep damnation of his taking-off.
And pity, like a naked newborn babe
Striding the blast, or heaven’s cherubin horsed
Upon the sightless couriers of the air ,
Shall blow the horrid deed in every eye,
That tears shall drown the wind. I have no spur
To prick the sides of my intent, but only
Vaulting ambition which o’erleaps itself
And falls on th’other -

Macbeth —:
Se isso é para ser feito, então bem feito
Será se feito o quanto antes. Se este assassinato
Puder se enredar em suas consequências, então
O sucesso sucederá a essa morte. Se esse golpe
For o seja-tudo e o finda-tudo – aqui
Senão aqui, neste remanso à margem do tempo,
Projetaremos a vida vindoura. Nesses casos,
Seremos aqui julgados se deixarmos como sinal
Lições sangrentas, que quando ensinadas, retornam
Que nem praga ao seu inventor. Assim a justiça imparcial
Leva a poção do cálice envenenado afinal
Aos nossos próprios lábios. Ele está aqui em redobrada confiança:
Primeiro, sou seu parente e seu vassalo,
Ambos fortes motivos contra o ato. Mais, sendo o hospedeiro,
Aquele que deveria fechar a porta ao assassino,
Não poderia empunhar o punhal eu mesmo. Mais, esse Duncan
É contido no usufruto do poder, exerce suas altas funções
Com sobriedade, de tal modo que suas virtudes
Arguirão como anjos, as trombetas troando, contra
O desmedido pecado de seu assassinato.
E a compaixão, como um nenê nu e recém-nascido
A saltitar na ventania ou como o querubim celeste montado
Sobre os invisíveis mensageiros do ar,
Poderá soprar o hórrido ato em cada olho
E as lágrimas afundarão no vento. Não tenho espora
Para aferroar os flancos de meu intento, mas só
Esta confiante ambição que ao superar-se
Cai longe demais, no outro –

 

 

Shakespeare, William. Macbeth. Renascence Editions. University of Oregon, 1999.

Shakespeare, William. Macbeth. [Por: Rafael Raffaelli]. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, 2008, p. 27. Disponível online. Acesso em 22 jul. 2015.

Fragmento de A Tempestade, de William Shakespeare. Tradução de Rafael Raffaelli.

Epilogue

Epílogo

Spoken by Prospero

Dito por Próspero

Now my charms are all o’erthrown,
And what strength I have’s mine own,
Which is most faint. Now ‘tis true
I must be here confined by you,
Or sent to Naples. Let me not,
Since I have my dukedom got,
And pardoned the deceiver, dwell
In his bare island by your spell,
But release me from my bands
With the help of your good hands.
Gentle breath of yours my sails
Must fill, or else my project fails,
Which was to please. Now I want
Spirits to enforce, art to enchant;
And my ending is despair
Unless I be relieved by prayer,
Which pierces so that it assaults
Mercy itself, and frees all faults.
As you from crimes would pardoned be,
Let your indulgence set me free.

Aniquilou-se todo o meu encanto
E a força que me restou, no entanto,
É muito débil. Vocês, é verdade,
Podem dispor de meu ser à vontade,
Ir a Nápoles ou deixar-me aqui.
Desde que meu ducado consegui,
Já perdoei, assim deem-me o privilégio
De sair da ilha pelo seu sortilégio,
Libertando-me das minhas intrigas
Com auxílio de suas mãos amigas.
Que o seu sopro infle a minha vela
Ou então a obra toda se cancela
Ao invés de agradar. Neste momento,
Sem espíritos e arte, me lamento,
No acre desespero de quem padece,
A menos que me socorra uma prece,
Que pela força divina que encerra,
Confere misericórdia a quem erra.
Perdoa-se até o crime inconteste,
Que a sua indulgência me liberte.

Exit

Sai

 

 

Fragmento de Shakespeare, William. A Tempestade. [Por: Rafael Raffaelli]. Florianópolis: EDUFSC, 2014, p. 210/211. (The Tempest). Teatro inglês. Edição bilíngue.

Bibliografia

Traduções Publicadas

Shakespeare, William. Do Jeito Que Você Gosta. [Por: Rafael Raffaelli]. Florianópolis: EDUFSC, 2011. (As You Like It). Teatro inglês. Comentários: Rafael Raffaelli.

Shakespeare, William. A Tempestade. [Por: Rafael Raffaelli]. Florianópolis: EDUFSC, 2014. (The Tempest). Teatro inglês. Edição bilíngue: português e inglês. Introdução e comentários: Rafael Raffaelli. Partituras originais: cortesia de Stainer & Bell Ltd, London, England.

Morris, Ivan. O Livro de Cabeceira: O Livrocorpo. [Por: Rafael Raffaelli]. In: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, 2005. (The Pillow Book: The Bodywork). Poesia. Ensaio. Do original Makura no Soshi, da escritora japonesa Sei Shonagon. Disponível em : https://periodicos.ufsc.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/1724. Acesso 22 jul. 2015.

Shakespeare, William. Macbeth. [Por: Rafael Raffaelli]. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, v. 9, n. 94, 2008. (Macbeth). Teatro inglês. Introdução e comentários: Rafael Raffaelli. Disponível em https://periodicos.ufsc.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/5245. Acesso 22/07/2015.

Obra própria

 

Literária:

Raffaelli, Rafael. Ensaios Sobre Cinema e Pintura. Florianópolis: EDUFSC, 2008.

Não literária:

Raffaelli, Rafael. Psicanálise e Casamento. Florianópolis: EDUFSC, 1994.

Ensaios e artigos científicos:

Lane, S. T. M. ; Raffaelli, Rafael; Naffah, A. ; Rahal, L.A. ; Sivieri, L. H. ; Almeida, S. A. ; Fregni, G. ; Zugueib, J.; Luz, W. . Uma Análise Dialética do Processo Grupal. São Paulo: Cadernos Puc Psicologia, v. 11, n.1, pp. 95-107, 1982.

Raffaelli, Rafael; Abella, Sandra Iris Sobrera. As estruturas antropológicas do imaginário de Gilbert Durand em cinco pinturas de Arcimboldo. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, v. 13, pp. 224-249, 2012.

Raffaelli, Rafael. Rosalinda: Protagonista de AS YOU LIKE IT. Florianópolis: Urdimento (UDESC), v. 18, pp. 17-25, 2012.

Raffaelli, Rafael. Introdução ao Dossiê Cinema e Interdisplinaridade. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 11, pp. 3-5, 2010.

 Abella, Sandra Iris Sobrera; Raffaelli, Rafael. Uma leitura interdisciplinar de imagem em movimento referente ao documentário 'O Maciço'. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 11, pp. 129-145, 2010.

Raffaelli, Rafael. The Pillow-Book: as notas de Sei Shonagon. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 11, pp. 329-364, 2010.

Raffaelli, Rafael. Jung, Mandala e Arquitetura Islâmica. São Paulo: Psicologia USP, v. 20, pp. 47-66, 2009.

Abella, Sandra Iris Sobrera; Raffaelli, Rafael. Relação arte e sociedade na obra de temática social de Candido Portinari. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 10, pp. 242-270, 2009.

Raffaelli, Rafael. The witches' charmed potion in Macbeth. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 90, pp. 1-17, 2008.

Raffaelli, Rafael. Freud e a identidade de Shakespeare. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 91, pp. 1-10, 2008.

Raffaelli, Rafael; Schmidt, Beatriz. Freud e Lady Macbeth. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 93, pp. 1-15, 2008.

Raffaelli, Rafael. Macbeth. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 94, pp. 1-118, 2008.

Raffaelli, Rafael. Nota sobre a metapsicologia freudiana. Florianópolis: INTERthesis (Florianópolis), v. 4, pp. 3, 2007.

Raffaelli, Rafael. Freud: Questões Epistemológicas. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 80, pp. 1-20, 2006.

Raffaelli, Rafael; Mikosz, J. E. . Shakespeare e a Citação a Giulio Romano. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 81, pp. 1-10, 2006.

Raffaelli, Rafael. Convergências entre Freud e a Fenomenologia: Um Olhar Interdisciplinar. Florianópolis: INTERthesis (Florianópolis), v. 3, n.1, pp. 1-11, 2006.

Raffaelli, Rafael. A Questão da Cognição Inconsciente. Madri: IberPsicología (Madrid), Madri, v. 10, n.7, 2005.

Raffaelli, Rafael. O Livro de Cabeceira: O Livrocorpo. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 75, pp. 2-24, 2005.

Raffaelli, Rafael. Amálgama entre desejo e dor. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 76, pp. 3-20, 2005.

Raffaelli, Rafael. Interpretando os Sonhos em Mulholland Drive. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 60, pp. 15-38, 2004.

Raffaelli, Rafael. A Inércia do Imaginário. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 59, pp. 1-23, 2004.

Raffaelli, Rafael. Husserl e a Psicologia. Natal: Estudos de Psicologia (Natal),v. 9, n.2, pp. 209-216, 2004.

Raffaelli, Rafael. Solaris: Conhecimento e Autoconhecimento. São Paulo: Psicologia USP, v. 15, n.3, pp. 213-231, 2004.

Raffaelli, Rafael. Inconsciente Psicanalítico e Psicologia Cognitiva. Curitiba: Psicologia Argumento, v. 21, n.33, pp. 19-26, 2003.

Raffaelli, Rafael; Serbena, C. A. . Psicologia como disciplina científica e discurso sobre a alma: problemas epistemológicos e ideológicos. Maringá: Psicologia em Estudo, v. 8, n.1, pp. 31-37, 2003.

Raffaelli, Rafael. Aspectos Cognitivos do Inconsciente. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, v. 51, pp. 1-14, 2003.

Raffaelli, Rafael; Cimbalista, S. . Trabalho e Personalidade. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, v. 54, pp. 1-17, 2003.

Raffaelli, Rafael. Imagem e self em Plotino e Jung: confluências. Campinas: Estudos de Psicologia (PUCCAMP), v. 19, n.1, pp. 23-36, 2002.

Raffaelli, Rafael. Cegueira inatencional e percepção pré-consciente. São Paulo: Psicologia. Teoria e Prática, v. 4, n.1, pp. 61-71, 2002.

Raffaelli, Rafael. Considerações Interdisciplinares: Psicanálise e Psicologia Cognitiva. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, v. 27, pp. 1-15, 2002.

Raffaelli, Rafael. Vínculos entre Psicanálise e Fenomenologia. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, v. 28, pp. 1-12, 2002.

Raffaelli, Rafael. Sartre e a Psicanálise. Florianópolis: Revista de Ciências Humanas (Florianópolis), v. 32, pp. 321-328, 2002.

Raffaelli, Rafael. Primavera. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar Em Ciências Humanas, v. 14, pp. 1-18, 2001.

Raffaelli, Rafael; Makowiecky, S. . Sobre a Representação da Natureza na Pintura Ocidental: Mimesis e Disegno Interno. Florianópolis: Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar Em Ciências Humanas, v. 11, pp. 1-19, 2000.

Raffaelli, Rafael. Psicanálise e Percepção. Florianópolis: Revista de Ciências Humanas (CFH/UFSC), v. 12, n.16, pp. 77-104, 1997.

Raffaelli, Rafael. Psicanálise e Arte: A Cruz da Sublimação. Campinas: Estudos de Psicologia (Campinas), v. 12, n.1, pp. 11-18, 1996.

Raffaelli, Rafael. O Conceito de Percepção em Freud: Repercussões. Campinas: Estudos de Psicologia (Campinas), v. 11, n.1/2, pp. 33-46, 1994.

Raffaelli, Rafael. Psicanálise e Psicoterapia Breve. Campinas: Estudos de Psicologia (Campinas), v. 10, n.3, pp. 73-84, 1993.

Raffaelli, Rafael. Os Limites do Amor. Florianópolis: Revista de Ciências Humanas (CFH/UFSC), v. V, n.8, pp. 48-62, 1988.

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