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Político, publicista, humanista e um dos mais antigos tradutores do Brasil, Manoel Odorico Mendes nasceu em 24 de janeiro de 1799, em São Luís, Maranhão, descendente de uma das famílias mais tradicionais de seu Estado. Ali residiu até os 17 anos quando, em 1816, foi enviado pelo pai a Portugal para cursar Medicina, na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Nos anos seguintes, após cursar Filosofia Racional e Moral e cadeira de Língua Grega, completou o curso de Filosofia Natural, sem concluir, no entanto, a sua formação primeira. Em Coimbra, além da atividade acadêmica, deu início a uma intensa atividade política, aproximando-se de nomes do movimento liberal português e das leituras de Rousseau e Voltaire, além de começar a escrever seus primeiros versos e travar amizade com o escritor e político Almeida Garret. Os anos passados em Portugal, pós Revolução do Porto, exerceriam grande influência em toda a atividade política e literária futura do jovem humanista.
Em 1824, após o falecimento do pai, retornou ao Brasil, em um período de grandes tensões internas e de instabilidade decorrentes da independência brasileira ocorrida dois anos antes. Incitado por forte patriotismo, iniciou sua atividade como publicista, redigindo o jornal O Argos da lei, em janeiro de 1825. Por influência do jornal, foi eleito deputado da primeira Assembleia Legislativa do Brasil, e transferiu-se para a capital carioca em meados de 1830, onde se afirmou como político e jornalista, escrevendo para inúmeros jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro, entre eles o Farol Paulistano, Clube Aurora, O Verdadeiro Liberal e o Jornal do Comércio. Manteve-se na política até 1847, quando encerrou seu último mandato como deputado, mudando-se em seguida para a França, onde, desta vez, passou a se dedicar exclusivamente à vida literária e ao seu audacioso projeto de verter ao português as obras primas dos clássicos gregos e latinos.
Em Paris, começou a traduzir ao português a Eneida, de Virgílio, publicando-a pela primeira vez em 1854, na Tipografia de Rignoux, em uma edição que se esgotaria em quinze dias. Passados quatro anos, editou a obra completa do poeta latino sob o título de Virgilio Brazileiro, cuja edição anotada de oitocentas páginas compreendia os textos d'Eneida, as Bucólicas e as Geórgicas. Tendo-as finalizado, iniciou a tradução em verso dos épicos de Homero que, em circunstância de sua morte, acabariam sendo publicadas postumamente: a Ilíada, em 1874, e a Odisseia, em 1928. Ademais, seu interesse não se restringiu apenas aos clássicos, uma vez que publicara em 1831 e 1839, respectivamente, a tradução em verso das obras Mérope e Tancredo, de Voltaire.
Esboçando comentários acerca de critérios adotados nas suas traduções, as obras traduzidas pelo maranhense encontram-se entre as primeiras a apresentar, no Brasil, uma espécie de arte tradutória, mesmo que breve, que delineia o percurso adotado pelo seu tradutor. Alvo das mais diversas críticas, suas traduções dos clássicos gregos e latinos ainda exercem um grande interesse, sendo discutidas e rediscutidas ao longo das décadas, além de reeditadas, deixando impressas sua importância dentro do contexto literário do país, não somente como clássicos da literatura, mas da tradução.
Odorico Mendes faleceu aos 65 anos, em 17 de agosto de 1864, em Londres, Inglaterra.
Verbete publicado em 27 de April de 2006 por:
Gleiton Lentz
Andréia Guerini
Excerto d'Eneida, de Virgilio. Tradução de Odorico Mendes:
LIBER PRIMUS |
Livro I |
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Virgílio. Virgílio Brazileiro: Eneida, Bucólicas e Geórgicas. Paris: W. Renquet, 1858. (Aeneis). Disponível em: http://www.unicamp.br/iel/projetos/OdoricoMendes/ |
Virgílio. Eneida Brazileira. [Por: Odorico Mendes]. Paris: Typographia de Rignoux, 1854. (Aeneis). Disponível em: http://www.unicamp.br/iel/projetos/OdoricoMendes/ |
Homero. Ilíada de Homero em verso portuguez. [Por: Odorico Mendes]. Rio de Janeiro: Typographia Guttember, 1874. (Ιλιάδα)
Homero. Ilíada. [Por: Odorico Mendes]. Rio de Janeiro: W.M. Jackson, 1957. (Ιλιάδα)
Homero. Odysséa de Homero. [Por: Odorico Mendes]. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1928. (Οδύσσεια)
Homero. Odisséia. [Por: Odorico Mendes]. São Paulo: EDUSP/Ars Poética, 1992. (Οδύσσεια)
Homero. Odisséia. [Por: Odorico Mendes]. São Paulo: EDUSP, 2000. (Οδύσσεια)
Virgílio. Eneida Brazileira. [Por: Odorico Mendes]. Paris: Typographia de Rignoux, 1854. (Aeneis)
Virgílio. Virgílio Brazileiro: Eneida, Bucólicas e Geórgicas. [Por: Odorico Mendes]. Paris: W. Renquet, 1858. (Aeneis, Bucolicon & Georgicon)
Virgílio. Eneida. [Por: Odorico Mendes]. São Paulo/Campinas: Ateliê/UNICAMP, 2005. (Aeneis)
Virgílio. Bucólicas. [Por: Odorico Mendes]. Belo Horizonte: Tessitura/Crisálida, 2005. (Bucolicon)
Voltaire. Mérope. [Por: Odorico Mendes]. [S.I.: s.n.], 1831. (Mérope)
Voltaire. Tancredo. [Por: Odorico Mendes]. [S.I.: s.n.], 1839. (Tancrède)
Voltaire. Mérope e Tancredo. [Por: Odorico Mendes]. São Luiz: Edições AML, 1999. (Mérope & Tancrède)
Mendes, Manuel Odorico. "Cartas de Manuel Odorico Mendes". (Apres. Américo J. Lacombe). Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1989. Correspondências.
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ISBN: 85-88464-07-1
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