Matheus Guménin Barreto :: DITRA - Dicionário de tradutores literários no Brasil :: 
Dicionário de tradutores literários no Brasil


Matheus Guménin Barreto

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Matheus Jacob Barreto, ou Matheus Guménin Barreto como assina suas traduções, nasceu no dia 3 de outubro de 1992, na cidade de Cuiabá, Mato Grosso. Em 2016, graduou-se em Letras Português-Alemão pela Universidade de São Paulo (USP) com passagem pela Universität Heidelberg, Alemanha. De 2016 a 2018 realizou Mestrado no Programa de Língua e Literatura Alemãs, subárea ‘tradução’ também da USP. E, de 2018 a 2022, doutorado no mesmo programa, com passagens pela Universität Leipzig e pela Universität Salzburg. Durante esse período suas pesquisas foram financiadas pelas bolsas CNPq, PROBRAL CAPES-DAAD e Ernst Mach OeAD.

Além de tradutor, Matheus Guménin Barreto é escritor, tendo publicado quatro livros de poesia: História natural da febre (2022); Mesmo que seja noite (2020); Poemas em torno do chão & Primeiros poemas (2018) e A máquina de carregar nadas (2017). Também atua como professor particular de alemão e, no segundo semestre de 2023, lecionou no Programa de Língua e Literatura Alemãs da USP.

Suas primeiras experiências com tradução foram durante a graduação quando traduzia poemas de língua alemã, de autores como Ingeborg Bachmann, Paul Celan, Rainer Maria Rilke, para mostrar a amigos que não falavam a língua. Sua predileção por poesia e pelos elementos rítmicos do poema o levou a escrever sua tese de doutorado intitulada Ritmo & Tradução: a configuração rítmica na tradução de dez textos literários de língua alemã, a qual foi premiada com uma menção honrosa no Prêmio Dirce Côrtes Riedel 2023 [ABRALIC 2023] e no Prêmio Tese Destaque USP 2023.

Atualmente, Matheus Guménin Barreto aguarda a publicação de seu último trabalho como tradutor, Gradiva: uma fantasia pompeiana de Wilhelm Jensen. 

 

Verbete publicado em 18 de February de 2024 por:
Luzia Antonelli Pivetta
Andréa Cesco

Excertos de traduções

Poema “O que farás, Deus, se eu morrer?”, de Rainer Maria Rilke. Tradução de Matheus Guménin Barreto

Was wirst du tun, Gott, wenn ich sterbe?
Ich bin dein Krug (wenn ich zerscherbe?)
Ich bin dein Trank (wenn ich verderbe?)
Bin dein Gewand und dein Gewerbe,
mit mir verlierst du deinen Sinn.

O que farás, Deus, se eu morrer?
Sou eu teu cântaro (e se quebro?)
Sou o que bebes (se apodreço?)
Sou tuas vestes, teu dever,
perdendo-me, perdes sentido.

Nach mir hast du kein Haus, darin
dich Worte, nah und warm, begrüßen.
Es fällt von deinen müden Füßen
die Samtsandale, die ich bin.

Sem mim perdes um lar só teu
onde te acolham com carinho.
Cai dos teus pés já combalidos
tua sandália, que sou eu.

Dein großer Mantel lässt dich los.
Dein Blick, den ich mit meiner Wange
warm, wie mit einem Pfühl, empfange,
wird kommen, wird mich suchen, lange –
und legt beim Sonnenuntergange
sich fremden Steinen in den Schoß.

Teu amplo manto te abandona.
O teu olhar – que no meu rosto,
recosto morno, vê repouso –
vai procurar-me muito tempo –
e vai deitar-se, quase noite,
entre rochedos estrangeiros.

Was wirst du tun, Gott? Ich bin bange.

Deus, que farás? Tremo de medo.

RILKE, Rainer Maria. Gesammelte Werke. Köln: Anaconda, 2013.

BARRETO, Matheus Guménin. “Arcas de Babel: Matheus Guménin Barreto traduz Rilke”. In: Revista Cult, 2020. Disponível em: (acesso em 28 de setembro de 2021).

Poema "V" (Elegias romanas), de Johann Wolfgang von Goethe. Tradução de Matheus Guménin Barreto

V.

V.

Froh empfind’ ich mich nun auf klassischem Boden begeistert;
       Vor- und Mitwelt spricht lauter und reizender mir.
Hier befolg’ ich den Rat, durchblättre die Werke der Alten
       Mit geschäftiger Hand täglich mit neuem Genuß.
Aber die Nächte hindurch hält Amor mich anders beschäftigt;
       Werd’ ich auch halb nur gelehrt, bin ich doch doppelt beglückt.
Und belehr’ ich mich nicht, indem ich des lieblichen Busens
       Formen spähe, die Hand leite die Hüften hinab?
Dann versteh’ ich den Marmor erst recht; ich denk’ und vergleiche,
       Sehe mit fühlendem Aug’, fühle mit sehender Hand.
Raubt die Liebste denn gleich mir einige Stunden des Tages,
       Gibt sie Stunden der Nacht mir zur Entschädigung hin.
Wird doch nicht immer geküßt, es wird vernünftig gesprochen;
       Überfällt sie der Schlaf, lieg’ ich und denke mir viel.
Oftmals hab’ ich auch schon in ihren Armen gedichtet,
       Und des Hexameters Maß leise mit fingernder Hand
Ihr auf den Rücken gezählt. Sie atmet in lieblichem Schlummer,
       Und es durchglühet ihr Hauch mir bis ins Tiefste die Brust.
Amor schüret die Lamp’ indes und denket der Zeiten,
       Da er den nämlichen Dienst seinen Triumvirn getan.

Sinto que sobre este clássico solo um deslumbre me alegra;
       mundos – arcaico e atual – falam-me em alto e bom som.
Sigo, aqui, velho conselho e folheio as obras dos mestres,
       passo meus dias a ler sempre com novo prazer.
Mas pela noite é Amor quem me ocupa com outros estudos:
       meia lição que Amor der basta pra em dobro gozar.
Pois não seria um estudo a olhadela na forma do seio
       do corpo amado, o passar lento da mão no quadril?
Só mesmo assim é que entende-se o mármore; e cismo e comparo,
       olho com o olho a tocar, toco com a mão a olhar.
Rouba-me a amada, assim, umas horas do dia; mas, dando
       horas noturnas a mim, paga-me indenização.
Não só beijamos, trocamos também certas filosofias;
       quando ela tem de dormir, deito-me e fico a pensar.
Já muitas vezes criei meus poemas deitado em seus braços,
       sobre suas costas contei tantos hexâmetros já,
sempre com dedos levíssimos; ela, tão doce, dormindo –
       ah, como me penetrou, quente, essa respiração!
Nisso, o Amor ilumina um candeeiro, saudoso, a lembrar-se
       do Triunvirato ao qual já dera favores iguais.

 

 

GOETHE, Johann Wolfgang von. Römische Elegien – Venezianische Epigramme. Köln: Anaconda, 2013.

BARRETO, Matheus Guménin. Ritmo & Tradução: a configuração rítmica na tradução de dez textos literários de língua alemã. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.

Bibliografia

Traduções Publicadas

BACHMANN, Ingeborg. Dito ao anoitecer. [Por Matheus Guménin Barreto]. Lisboa / São Paulo: Douda Correria, Hedra e Demônio Negro, 2017. (Dem Abend gesagt). Poesia.

BACHMANN, Ingeborg. Dois poemas de Ingeborg Bachmann. [Por: Matheus Guménin Barreto]. In: Cisma. Revista de crítica literária e tradução. Ano III, n. V, 2014. ("Dunkles zu sagen", "Schatten Rosen Schatten"). ISSN 2238-7013.

BACHMANN, Ingeborg. Ingeborg Bachmann (1926-1973). [Por: Matheus Guménin Barreto]. In:  Revista Escamandro, Sergio Maciel. 12/06/2018. ("Keine Delikatessen", “Eine Art Verlust”, “Reklame”, “Was wahr ist”, “Ein Monolog des Fürsten Myschkin. zu der Ballettpantomime "Der Idiot"”) Disponível em: https://escamandro.wordpress.com/2018/06/12/ingeborg-bachmann-1926-1973-por-matheus-gumenin-barreto/

BACHMANN, Ingeborg. Mais dois poemas de Ingeborg Bachmann. [Por: Matheus Guménin Barreto]. In: Cisma. Revista de crítica literária e tradução. Ano IV, n. 7: Onde a literatura não toca. 2015. ("Alle Tage", "Die gestundete Zeit"). ISSN 2238-7013. Disponível em: https://issuu.com/cismausp/docs/cisma_07_online_lb_07/60

BRECHT, Bertolt. Cântico de Orge. [Por Matheus Guménin Barreto]. Lisboa / São Paulo: Douda Correria, Hedra e Demônio Negro, 2017. (Orges Gesang). Poesia.

CELAN, Paul. Dois poemas de Paul Celan. [Por: Matheus Guménin Barreto]. In:  Revista Escamandro, Guilherme Gontijo Flores. 13/03/2-19. ("Psalm", "In Prag"). Disponível em: https://escamandro.wordpress.com/2019/03/13/2-poemas-de-paul-celan-por-matheus-gumenin-barreto/

DUARTE, M., BARRETO, M., RINCK, M., SCHERER, T., SCHEERER, K., DE ALMEIDA PEREIRA, E., KÖNIG, S. Levar um Poema Brasileiro ao Alemão (poema "Deslocamento - poema manifesto", de Mel Duarte, traduzido ao alemão como "Umwandlung - Gedicht-Manifest"). In: Cadernos De Tradução, v. 41, n. 3, p. 453–463, 2021.

ERB, Elke; Draesner, Ulrike; Kuhligk, Björn; Filips, Christian; Heuβ, Marit. Passagem de som - Tonprobe - poesia contemporânea alemã, uma breve antologia. Organização de Timo Berger e Marcelo Lotufo. [Por Ana Schneider, Claudia Abeling, Henrique Silva Moraes, Luiz Abdala Jr., Mariana Holms, Matheus Guménin Barreto e Sofia Mariutti]. São Paulo: Edições Jabuticaba, 2023. Poesia.

RILKE, Rainer Maria. Arcas de Babel: Matheus Guménin Barreto traduz Rilke. In: Revista Cult. Curadoria Patrícia Lavelledisse. 9/11/2020. São Paulo, Editora Bregantini. ("Was wirst du tun, Gott, wenn ich sterbe?", "Der Alchimist", "Die achte Elegie"). Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/matheus-gumenin-traduz-rilke/

RINCK, Monika; KENNEL, Odile; COTTEN, Ann; POPP, Steffen; SCHNEIDER, Lea; KRAUS, Dagmara; BEYER, Marcel; WAGNER, Jan; BERGER, Timo. Poesia alemã hoje: uma pequena antologia. Organização de Douglas Pompeu, Marcelo Lotufo e Tarso de Melo. [Por Matheus Guménin Barreto, Simone Brantes, Érica Zingano, Charlotte Thiessen e Douglas Pompeu]. Ebook. São Paulo: Edições Jabuticaba; Instituto Goethe, 2020. Poesia.

SACHS, Nelly. Um poema de Nelly Sachs. [Por Matheus Guménin Barreto]. In: Sibila, Revista de Poesia e Cultura, 28/09/2020. ("Vergebens"). ISSN 1806-289X. Disponível em: https://sibila.com.br/novos-autores/um-poema-de-nelly-sachs/13867

SAID, Abud. O cara mais esperto do Facebook. Tradução do posfácio alemão de Sandra Hetzl [Por Matheus Guménin Barreto]. São Paulo: Editora 34, 2016. Posfácio.

VALÉRY, P.; DICKINSON E.; MILOSZ, C.; SZYMBORSKA, W.; MARÇAL, M.M.; OVÍDIO; CELAN, P.; PASOLINI, P.P.; CRUZ, J.I. de la; HUGO, V.; MAIAKÓVSKI, V.; AMICHAI, Y.; HERBERT, Z.; VIAN, B.; LEVERTOV, D.; WALCOTT, D.; CUMMINGS, E.E.; CAVALCANTI, G.; MERINI, A.; BRETON, A.; CRAVAN, A.; BUNTING, B.; LYNCH, D.; RABELAIS; HARP, H.; BACHMANN, I. Lira argenta - Poesia em tradução. Organização de Vanderley Mendonça. [Por Álvaro Faleiros, Augusto de Campos, Claudio Willer, Cide Piquet, Danilo Bueno, Dirceu Villa, Fernando Klabin, Guilherme G. Flores, Idalia M. López, Juliana Di F. Pondian, Larissa Peron, Maíra M. Galvão, Marcelo Ariel, Matheus Guménin Barreto, Monique Maion, Omar P. López, Piotr Kilanowski, Reynaldo Damazio, Ricardo Domeneck, Roberto Zular, Ruy Proença, Tatiana Lima Faria, Vanderley Mendonça, Walter Vetor, Willian Zeytounlian]. São Paulo: Selo Demônio Negro, 2017. Poesia.

WATERHOUSE, Peter. Peter Waterhouse (1956-). [Por: Matheus Guménin Barreto]. In: Revista Escamandro, Guilherme Gontijo Flores. 09/01/2019. ("Der Name der Sprache", "Worüber schweigen wir?", "Rückkehr der Ekstase").  

 

Obra própria

BARRETO, Matheus Guménin. Ritmo & Tradução: a configuração rítmica na tradução de dez textos literários de língua alemã. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.

BARRETO, Matheus Guménin. História natural da febre. São Paulo: Corsário-Satã, 2022. 120p.

BARRETO, Matheus Guménin. Mesmo que seja noite. São Paulo: Corsário-Satã, 2020. 56p.

BARRETO, Matheus Guménin. Poemas em torno do chão & Primeiros poemas. Cuiabá: Carlini & Caniato, 2018. 64p.

BARRETO, Matheus Guménin. A máquina de carregar nadas. Rio de Janeiro: 7Letras, 2017. 100p. 

Apresentação | Créditos | Contato | Admin

ISBN:   85-88464-07-1

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Comunicação e Expressão

Apoio:

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Última atualização desta página

©2005-2024 - NUPLITT - Núcleo de Pesquisas em Literatura e Tradução

Site melhor visualizado em janelas com mais de 600px de largura disponível.