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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Maria Angélica Keller de Almeida

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Maria Angélica Keller de Almeida, conhecida também como Maria Angélica de Almeida Trajber, nasceu em São Paulo no ano de 1945 e faleceu em março de 2019. Diante de uma infância difícil, mudou-se para SP para estudar, onde teve contato com importantes personalidades políticas. Mãe de três filhos, durante a sua vida foi uma ativista política, engajada em movimentos estudantis, e em distintos momentos precisou, juntamente com sua família, exilar-se em países como Cuba, Chile e Bolívia, onde teve contato com a língua espanhola. Trabalhou como jornalista na rádio Radio Habana Cuba, realizando traduções do português para o espanhol. Apesar de nunca ter tido uma formação especializada, encontrou na tradução uma forma de subsistência.

As primeiras traduções de que se tem registro foram realizadas no Brasil: em seu retorno após ter vivido o golpe militar do Chile, começou a realizar traduções com o auxílio de uma amiga tradutora, Beatriz Canabrava. Seu trabalho bastante fragmentado no tempo conta com a tradução de Nuestra América (2006), de José Martí, Trinta anos de teatro argentino, de Osvaldo Pellettieri (1992), Vanguardas argentinas: anos 20, de Jorge Schwartz (1992) e da obra teatral Paso de Dos, de Eduardo Pavlovsky (2011). Nos anos finais de sua vida, se dedicou à tradução de textos em inglês do movimento religioso Ciência Cristã. 

Teve acesso a uma formação que contribuiu para formar um gosto erudito pelas artes e línguas. Suas traduções eminentemente de eminente caráter político, refletiram sua posição ideológica, identificada com a esquerda política. Cultivou ao longo de sua vida, relações com universitários, acadêmicos e pertencentes a movimentos estudantis.  

 

Verbete publicado em 21 de September de 2023 por:
Ellen Cristine Santos Lisboa
Pablo Cardellino

Excertos de traduções

Excertos de Nossa América, de José Marti. Tradução de Maria Angélica de Almeida Trajber.

“[...] sin saber de los gigantes que llevan siete leguas en las botas; y le pueden poner la bota encima, ni de la pelea de los cometas en el cielo, que van por el aire dormido[s] engullendo mundos.” (MARTÍ, 2011, p. 11)

“[...] ignorando os gigantes que possuem botas de sete léguas e que podem lhe pôr a bota em cima, bem como a luta de dos cometas lá no céu, que voam pelo ar, adormecidos, engolindo mundos." (MARTÍ; TRAJBER, 2006, p. 194)

“No hay proa que taje uma nube de ideas.” (MARTÍ, 2011, p. 12)

“Não há proa que possa cortar uma nuvem de idéias” (MARTÍ; TRAJBER, 2006, p. 194)

“No les alcanza al árbol difícil el brazo canijo, el brazo de uñas pintadas y pulsera, el brazo de Madrid o de París, y dicen que no se puede alcanzar el árbol. Hay que cargar los barcos de esos insectos dañinos, que le roen el hueso a la patria que los nutre. Si son parisienses o madrilefios, vayan al Prado, de faroles, o vayan a Tortoni, de sorbetes. ¡Estos hijos de carpintero, que se avergúenzan de que su padre sea carpintero! ¡Estos nacidos em América, que se averguenzan, porque llevan delantal indio, de la madre que los crió, y reniegan, bribones, de la madre enferma, y la dejan sola em el lecho de las enfermedades!” (MARTÍ, 2011, p. 14)

“Seu braço fraco, braço de unhas pintadas e pulseira, o braço de Madri ou de Paris, não atinge a árvore difícil; e dizem que não é possível atingir a árvore. É preciso acabar com esses insetos daninhos, que roem o osso da pátria que os nutre. Se são parisienses ou madrilenhos, que vão para o Prado, com seus lampiões, ou a Tortoni, com seus sorvetes. Estes filhos de marceneiro, que se envergonham que seu paí seja marceneiro! Estes nascidos na América que se envergonham de levar indumentária indígena, da mãe que os criou, e que renegam — velhaços! — a mãe doente e a deixam sozinha no leito da doença!” (MARTÍ; TRAJBER, 2006, p. 194-195)

“[...] estos desertores que piden fusil en los ejércitos de la América del Norte, que ahoga em sangre a sus indios!” (MARTÍ, 2011, p. 15)

“[...] estes desertores que pedem fuzil aos exércitos da América do Norte, que afoga, em sangue seus índios [...]” (MARTÍ; TRAJBER, 2006, p. 194-195)

“Viene el hombre natural, indignado y fuerte, y derriba la justicia acumulada de los libros, porque no se la administra en acuerdo con las necesidades patentes del país. Conocer es resolver. Conocer el país, y gobernarlo conforme al conocimiento, es el único modo de librarlo de tiranías.” (MARTÍ, 2011, p. 20)

“Vem o homem natural, indignado e forte e derruba a justiça acumulada nos livros, porque não é administrada de acordo com as necessidades patentes do país. Conhecer é resolver. Conhecer o país, e governá-lo conforme o conhecimento, é o único modo de livrá-lo de tiranias” (MARTÍ; TRAJBER, 2006, p. 195-196)

“Con los pies en el rosario, la cabeza blanca y el cuerpo pinto de indio y criollo vinimos, denodados, al mundo de las naciones. Con el estandarte de la Virgen salimos a la conquista de la libertad” (MARTÍ, 2011, p. 21)

“Apoiados, no rosário, a cabeça branca, corpo mestiço de índio e de crioulo, chegamos, denodados, ao mundo das nações. Com o estandarte da Virgem saímos à conquista da liberdade” (MARTÍ; TRAJBER, 2006, p. 197)

“Con los hábitos monárquicos, y el Sol por pecho, se echaron a levantar pueblos los venezolanos por el Norte y los argentinos por el Sur.” (MARTÍ, 2011, p. 22)

“Com roupagens monárquicas e o Sol no peito, a levantar povos se lançaram os venezuelanos pelo Norte e os argentinos pelo Sul” (MARTÍ; TRAJBER, 2006, p. 197)

“El tigre, espantado del fogonazo, vuelve de noche al lugar de la presa. Muere, echando llamas por los ojos y con las zarpas al aire. No se le oye venir, sino que viene con zarpas de terciopelo. Cuando la presa despierta, tiene al tigre encima.” (MARTÍ, 2011, p. 24)

“O tigre, espantado pelo clarão do disparo, volta de noite ao lugar da presa. Morre soltando fogo pelos olhos e com as garras ao ar. Não se escuta quando se aproxima, pois vem com garras de veludo. Quando a presa acorda o tigre já está atacando” (MARTÍ; TRAJBER, 2006, p. 198)

“[...] deber urgente de nuestra América es enseriarse como es, una en alma e intento, vencedora veloz de un pasado sofocante, manchada sólo con la sangre de abono que arranca a las manos la pelea con las ruinas, —y la de las venas que nos dejaron picadas nuestros dueños.” (MARTÍ, 2011, p. 32)

“[...]dever urgente de nossa! América é mostrar-se como é, unida em alma e intenção, vencedora veloz de um passado sufocante, manchada apenas com o sangue do adubo, arrancado das mãos, na luta com as ruínas, e o das veias que nossos donos furaram” (MARTÍ; TRAJBER, 2006, p. 198)

Bibliografia

Traduções Publicadas

MARTÍ, J. Nossa América. [Por: Maria Angélica de Almeida Trajber]. 3ª ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

SCHWARTZ, J.; ALCALA, M. L. (Organizador). Vanguardas argentinas: anos 20. [Por: Maria Angélica Keller de Almeida]. São Paulo: Iluminuras, 1992.

PAVLOSVKY, E. Não dois. In: Paso de dos. [Por: Maria Angélica Keller de Almeida]. Rio de Janeiro, 2011.

 

PELLETIERI, O. Trinta anos de teatro argentino. [Por: Maria Angélica Keller de Almeida]. In: Teatro argentino contemporâneo. São Paulo: Iluminuras, 1992.  

 

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