Mamede Mustafa Jarouche :: DITRA - Dicionário de tradutores literários no Brasil :: 
Dicionário de tradutores literários no Brasil


Mamede Mustafa Jarouche

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Filho de imigrantes libaneses, Mamede Mustafa Jarouche nasceu na cidade de Osasco, São Paulo, em 12 de fevereiro de 1963. Diplomou-se bacharel em Letras, Português e Árabe pela Universidade de São Paulo e concluiu o doutorado em literatura brasileira pela mesma instituição, com a tese Sob o Império da Letra: Imprensa e Política no Tempo das Memórias de um Sargento de Milícias.

Estudou o árabe, idioma de seu uso doméstico, na USP, na Arábia Saudita, no Iraque e no Egito. Trabalhou também como tradutor na Mendes Jr. no Iraque e na Braspetro na Líbia.

Iniciou sua prática de tradução literária ao começar a lecionar árabe na USP, em 1992. De suas traduções, destaca-se o Livro das mil e uma noites, trabalho pelo qual recebeu o Prêmio Jabuti de Melhor Tradução, o Prêmio de Melhor Tradução do Ano da Associação Paulista dos Críticos de Arte, e o Prêmio Paulo Rónai de Tradução.

Mamede Mustafa Jarouche possui pós-doutorado pela Universidade do Cairo e é professor de língua e literatura árabe, bem como pesquisador na Universidade de São Paulo.

Verbete publicado em 27 de June de 2007 por:
Roger Sulis
Marie-Hélène Catherine Torres

Excertos de traduções

Excerto do "Livro das mil e uma noites". Tradução de Mamede Mustafa Jarouche

جلنار البحرية وابنها الملك بدر

فلما كنت الليلة القابلة قالت:

بلغني ايها الملك السعيد ان كان ملك بالعجم عالي الشأن عزيز السلطان، له أقاليم وبلاد وقد طاعته العباد ودلت له ملوك العجم والأجناد، عادل بين القوي والضعيف، ذو رأي وبصيرة ودين، يحسن إلى المسيء ويحبه القاصي والداني ويدعوا له بطول البقاء والنصر والارتقاء. وكان مستقره بمدينة خراسان. وكان له مائة سرية من سائر الأجناس كل سرية منفردة في حجرتها، وطول عمره لم يرزق ولد ذكر. وكان ينذر النذور ويتصدق ويعمل كل خير ومعروف ويدعو الله ان يرزقه ولداً ذكر يقر به عينه ويورث الملك من بعده، فقال في نفسه: "أخاف أموت وأرزق ولداً ذكر فيخرج الملك عن يدنا ويأخذه من لا يسمى بنا". وكانوا التجار يسمعوا أنه يحب الجواري والسراري وكانوا إذا وقعوا بجارية من كل جنس يحملوها إليه، فإن عجبته اشتراها بأغلى ثمن ويغني التاجر ويخلع عليه ويحسن إليه ويكتب له الكتب ويعطيه خطه أن "لا يؤخذ منه موجب ولا مكس" ويعلو درجته عنده. فكانوا التجار يقصدونه من سائر الأقاليم والأمصار ويتحفوه بالسراري والحظايا، والملك مع هذا كله في قلبه النار الذي لا يطفأ ولهيبٍ لا يخفى

وأدرك شهرازاد الصبح فسكتت عن الحديث.

230ª noite das histórias das mil e uma noites

Jullanar, a marítima, e seu filho Badr

Na noite seguinte ela disse:

Eu tive notícia, ó rei venturoso, de que havia na Pérsia um rei de elevada posição e grande autoridade, que possuía províncias e países, sendo obedecido pelos súditos e acatado pelos reis persas e pelos soldados. Era justo nas contendas entre o forte e o fraco, e tinha bom parecer, clarividência e fé; tratava com generosidade os ofendidos; era amado pelo distante e pelo próximo, e todos rogavam por ele, para que tivesse vida longa, vitórias e mais elevação. A sede de seu governo era em Ĥurāsān. Ele possuía cem concubinas das mais diversas raças, cada qual instalada num aposento particular, mas nunca em toda a sua vida fora agraciado com um filho varão, muito embora fizesse promessas, desse esmolas, praticasse toda sorte de bem e favor e rogasse a Deus para que o agraciasse com tal filho varão, que lhe traria felicidade e herdaria o reino após a sua morte. O rei pensava: "Receio morrer sem ter sido agraciado com um filho varão, pois assim o reino escapará de nossas mãos e será tomado por alguém que não carrega o nosso nome". Cientes de que ele gostava de moças e concubinas, os mercadores de escravos, mal botavam as mãos em alguma jovem de qualquer raça, levavam-na até ele; se porventura o agradasse, o rei a comprava pelos mais altos preços, enriquecendo o mercador, presenteando-o com um traje honorífico, tratando-o com generosidade, escrevendo-lhe com sua própria letra uma carta na qual determinava que não lhe cobrassem impostos nem taxas e elevando sua posição ante o trono. Em conseqüência disso, os mercadores acorriam a ele provenientes de todas as regiões e todos os países, oferecendo-lhe concubinas e amásias. Apesar disso tudo, no coração do rei havia um fogo que não se apagava e uma chama que não se ocultava.

E a aurora alcançou Šahrāzād, que parou de falar.

Anônimo. Livro das mil e uma noites. vol. 2 - ramo sírio. [Por: Mamede Mustafa Jarouche. São Paulo: Globo, 2005, pp 117-118.

Bibliografia

Traduções Publicadas

Almuqaffa’, A.I. Livro de Kalila e Dimna. [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Martins Fontes, 2005. (كليلة ودمنة)

Anônimo. Livro das mil e uma noites. (vol.1) [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Globo, 2005. (كتاب ألفليلة و ليلة)

Anônimo. Livro das mil e uma noites. (vol.2) [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Globo, 2005. (كتاب ألفليلة و ليلة)

Anônimo. Cento e uma noites. [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Martins Fontes, 2005. (مائة ليلة وليلة)

Obra própria

Ensaio

Jarouche, M.M. “O prólogo-moldura das mil e uma noites no ramo egípcio antigo” In: Tiraz – Revista de estudos árabes 1. São Paulo, 2004. p. 70-117

Jarouche, M.M. “Noites para brilhar no escuro”. In: Maria Augusta Fonseca. (Org.). Olhares sobre o romance. São Paulo: Nankin, v. 01, 2005. p. 209-217,.

Jarouche, M.M. “Notas sobre a tradução e regimes de narrativa no Livro das mil e uma noites”. In: Heloísa Vilhena de Araújo. (Org.). Diálogo América do Sul - Países Árabes. Brasília: FUNAG/IPRI, v. 01, 2005. p. 223-261.

Jarouche, M.M. “Vicissitudes de um livro e seu autor”. In: Mamede Mustafa Jarouche. (Org.). Kalila e Dimna. São Paulo: Martins Fontes,  v. 01, 2005. p. XIII-XLVI.

Jarouche, M.M. “Uma poética em ruínas”. In: Mamede Mustafa Jarouche. (Org.). Livro das mil e uma noites - volume I. São Paulo: Globo, v. I, 2005. p. 11-35.

Jarouche, M.M. “Nota introdutória: ramos (e florestas) entre o Cairo e Damasco”. In: Mamede Mustafa Jarouche. (Org.). Livro das mil e uma noites - volume II. São Paulo: Globo, v. II, 2005. p. 07-14.

Jarouche, M.M. “Prefácio”. In: Mamede Mustafa Jarouche. (Org.). Cento e uma noites. São Paulo: Hedra, 2002. p. 07-14.

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ISBN:   85-88464-07-1

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