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Considerado uma figura de destaque na moderna literatura brasileira, Lêdo Ivo, poeta, romancista, ensaísta e jornalista, nasceu em Maceió, Alagoas, em 18 de fevereiro de 1924. Em sua cidade natal, concluiu os estudos primário e secundário, transferindo-se para a cidade de Recife, em 1940. Na capital pernambucana, iniciou suas atividades literárias colaborando na imprensa local e na convivência com o grupo literário do qual fazia parte Willy Lewin, crítico literário que teria grande importância em sua formação cultural. Em 1943, após concluir o curso complementar no Liceu Alagoano, em Maceió, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, anos mais tarde, em 1949, concluiu o curso de Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, profissão que não exerceria em vida. Na mesma época, passou a colaborar em suplementos literários e a trabalhar como jornalista profissional na imprensa carioca e paulista como redator da Tribuna da Imprensa e da revista Manchete, além de colaborador de O Estado de São Paulo e editor do Correio da Manhã.
Representante da "Geração de 45", o poeta alagoano publicou seu primeiro livro de poesias, As imaginações, em 1944, e seu primeiro romance, As alianças, em 1947, livro que seria bem acolhido pela crítica. Dois anos depois, pronunciou, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP), a conferência Geração de 45, movimento de reação estética contra a primeira fase do modernismo brasileiro. Em 1953, foi viajar para a Europa, residindo em Paris, de onde retornou no ano seguinte, voltando às suas atividades literárias e jornalísticas.
Ainda durante os anos 40, e nas décadas subsequentes, passou a traduzir textos literários, sobretudo poesia, vertendo poemas de Maupassant e Rimbaud. Lêdo Ivo figura também como um dos poetas brasileiros contemporâneos mais traduzidos no exterior, tendo suas obras de poesia e prosa publicadas em vários países e em várias línguas como o inglês, dinamarquês, holandês, espanhol e italiano.
Em 1986, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, e pelo conjunto da obra recebeu inúmeros prêmios, dentre os quais se destacam: Prêmio de Romance, da Fundação Graça Aranha (1947), pelo seu romance de estreia, As alianças; Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e Prêmio Luísa Cláudio de Sousa (poesia), do PEN Clube do Brasil, ambos em 1973, pelo livro Finisterra; Prêmio Mário de Andrade, conferido pela Academia Brasiliense de Letras, pelo conjunto de suas obras; Prêmio Nacional de Ensaio, do Instituto Nacional do Livro (1983), por A ética da aventura; e Prêmio Jabuti (2001), da CBL, pelo livro O rumor da noite.
Atualmente é também membro efetivo da Academia Alagoana de Letras, da Academia Municipalista de Letras do Brasil, sócio honorário da Academia Petropolitana de Letras, além de sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.
Verbete publicado em 22 de August de 2006 por:
Gleiton Lentz
Andréia Guerini
Fragmento de O Adolescente, de Dostoiévski. Tradução de Lêdo Ivo:
Глава первая |
Capítulo Primeiro |
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I. |
I. |
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Не утерпев, я сел записывать эту историю моих первых шагов на жизненном поприще, тогда как мог бы обойтись и без того. Одно знаю наверно: никогда уже более не сяду писать мою автобиографию, даже если проживу до ста лет. Надо быть слишком подло влюбленным в себя, чтобы писать без стыда о самом себе. Тем только себя извиняю, что не для того пишу, для чего все пишут, то есть не для похвал читателя. Если я вдруг вздумал записать слово в слово все, что случилось со мной с прошлого года, то вздумал это вследствие внутренней потребности: до того я поражен всем совершившимся. Я записываю лишь события, уклоняясь всеми силами от всего постороннего, а главное - от литературных красот; литератор пишет тридцать лет и в конце совсем не знает, для чего он писал столько лет. Я - не литератор, литератором быть не хочу и тащить внутренность души моей и красивое описание чувств на их литературный рынок почел бы неприличием и подлостью. С досадой, однако, предчувствую, что, кажется, нельзя обойтись совершенно без описания чувств и без размышлений (может быть, даже пошлых): до того развратительно действует на человека всякое литературное занятие, хотя бы и предпринимаемое единственно для себя. Размышления же могут быть даже очень пошлы, потому что то, что сам ценишь, очень возможно, не имеет никакой цены на посторонний взгляд. Но все это в сторону. Однако вот и предисловие; более, в этом роде, ничего не будет. К делу; хотя ничего нет мудренее, как приступить к какому-нибудь делу, - может быть, даже и ко всякому делу. |
Não podendo mais refrear-me, começo a escrever esta história de meus primeiros passos através da vida. E contudo poderia dispensar isto. Uma coisa é certa: mesmo que vivesse cem anos, jamais escreveria minha autobiografia. É preciso alguém estar muito ignobilmente apaixonado por si mesmo para exprimir-se sobre sua própria vida sem se envergonhar. A única desculpa que encontro, é que não escrevo pelo mesmo motivo que move as outras pessoas, isto é, para obter os elogios do leitor. Se me resolvi subitamente a alinhar palavra por palavra tudo o que me aconteceu desde o último ano, foi por uma necessidade interior: de tal modo me tocaram os fatos sucedidos! Limito-me a registrar os acontecimentos, evitando com todas as minhas forças o que lhes é estranho, e principalmente os artifícios literários; um literato escreve durante trinta anos seguidos, e por fim ignora por que escreveu tantos anos. Não sou um literato e não quero sê-lo. Espalhar no mercado literário a intimidade de minha alma e uma bela descrição de meus sentimentos seria para mim uma inconveniência e uma baixeza. Prevejo contudo, não sem desprazer, que será provavelmente impossível evitar por completo as descrições de sentimentos e as reflexões (talvez mesmo vulgares): uma vez que qualquer trabalho literário, mesmo quando empreendido unicamente para si mesmo, desmoraliza o homem! E estas reflexões podem mesmo ser bastante triviais, pois o que o leitor estima pode muito bem não ter valor nenhum para um estranho. Mas tudo isso seja dito entre parênteses. Eis meu prefácio pronto: não haverá mais nada deste gênero. Mãos à obra! se bem nada exista de mais penoso que empreender uma obra, e talvez mesmo realizar qualquer trabalho. |
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II. |
II. |
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Я начинаю, то есть я хотел бы начать, мои записки с девятнадцатого сентября прошлого года, то есть ровно с того дня, когда я в первый раз встретил... |
Começo, isto é, gostaria de começar minhas memórias no dia 19 de setembro do ano passado, precisamente no dia em que pela primeira vez encontrei... |
Но объяснить, кого я встретил, так, заранее, когда никто ничего не знает, будет пошло; даже, я думаю, и тон этот пошл: дав себе слово уклоняться от литературных красот, я с первой строки впадаю в эти красоты. Кроме того, чтобы писать толково, кажется, мало одного желания. Замечу тоже, что, кажется, ни на одном европейском языке не пишется так трудно, как на русском. Я перечел теперь то, что сейчас написал, и вижу, что я гораздо умнее написанного. Как это так выходит, что у человека умного высказанное им гораздо глупее того, что в нем остается? Я это не раз замечал за собой и в моих словесных отношениях с людьми за весь этот последний роковой год и много мучился этим. |
Mas explicar quem encontrei, assim de antemão, quando ninguém sabe de nada, será vulgar; mesmo este meu tom, creio, é vulgar: depois de ter jurado a mim mesmo evitar os ornamentos literários, eis que quebro meu juramento logo na primeira linha. Além disso, para escrever de maneira sensata, basta-me querê-lo. Salientarei ainda que não existe, acredito, uma língua européia tão difícil de se escrever quanto o russo. Acabo de reler o que escrevi agora, e vejo que sou muito mais inteligente do que isso que está aí escrito. Como se explica então que as coisas enunciadas por um homem inteligente sejam infinitamente rnais tolas que o que permanece em seu espírito? Já notei isso mais de uma vez em mim e em meu comércio oral com os outros homens durante todo este último ano fatal, e tal fato me atormentou bastante. |
Я хоть и начну с девятнадцатого сентября, а все-таки вставлю слова два о том, кто я, где был до того, а стало быть, и что могло быть у меня в голове хоть отчасти в то утро девятнадцатого сентября, чтоб было понятнее читателю, а может быть, и мне самому. |
Embora comece no dia 19 de setembro, direi no entanto em duas palavras quem sou, onde estive antes desta data e em seguida o que podia ter em mente, pelo menos parcialmente, naquela manhã de 19 de setembro, para que isto seja mais inteligível ao leitor, e talvez também a mim. |
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III. |
III. |
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Я - кончивший курс гимназист, а теперь мне уже двадцать первый год. Фамилия моя Долгорукий, а юридический отец мой - Макар Иванов Долгорукий, бывший дворовый господ Версиловых. Таким образом, я - законнорожденный, хотя я, в высшей степени, незаконный сын, и происхождение мое не подвержено ни малейшему сомнению. Дело произошло таким образом: двадцать два года назад помещик Версилов (это-то и есть мой отец), двадцати пяти лет, посетил свое имение в Тульской губернии. Я предполагаю, что в это время он был еще чем-то весьма безличным. Любопытно, что этот человек, столь поразивший меня с самого детства, имевший такое капитальное влияние на склад всей души моей и даже, может быть, еще надолго заразивший собою все мое будущее, этот человек даже и теперь в чрезвычайно многом остается для меня совершенною загадкой. Но, собственно, об этом после. Этого так не расскажешь. Этим человеком и без того будет наполнена вся тетрадь моя. |
Sou um antigo colegial, e tenho agora vinte e um anos de idade. Meu nome é Dolgorúkii, e meu pai legal chama-se Makár Ivánov Dolgorúkii, ex-servo doméstico dos senhores Versílov. Assim, sou filho legítimo, se bem que o seja ilegítimo no mais alto grau, e que minhas origens não causem a menor dúvida. Explico-me: há vinte e dois anos, o proprietário Versílov (e ele meu pai), com a idade de vinte e cinco anos, visitou seu domínio da província de Tula. Suponho que ele fosse naquela época uma criatura ainda bastante impessoal. É curioso como este homem que tanto me impressionou desde minha infância e que teve uma influência fundamental na formação de meu espírito e que talvez por muito tempo contaminou todo o meu futuro, permaneça para mim, ainda hoje, e numa infinidade de pontos, um verdadeiro enigma. Mas voltaremos a isso mais tarde. Não é fácil expor tal assunto. De qualquer modo, esse homem estará sempre presente neste livro. |
Он как раз к тому времени овдовел, то есть к двадцати пяти годам своей жизни. Женат же был на одной из высшего света, но не так богатой, Фанариотовой, и имел от нее сына и дочь. Сведения об этой, столь рано его оставившей, супруге довольно у меня неполны и теряются в моих материалах; да и много из частных обстоятельств жизни Версилова от меня ускользнуло, до того он был всегда со мною горд, высокомерен, замкнут и небрежен, несмотря, минутами, на поражающее как бы смирение его передо мною. Упоминаю, однако же, для обозначения впредь, что он прожил в свою жизнь три состояния, и весьма даже крупные, всего тысяч на четыреста с лишком и, пожалуй, более. Теперь у него, разумеется, ни копейки... |
Naquela época, aos vinte e cinco anos, ele acabava de perder sua mulher. Era uma moça da alta sociedade, mas não muito rica, pertencente à família Fanariótov, e lhe deixara um filho e uma filha. Meus dados a respeito dessa esposa tão cedo desaparecida, são bastante incompletos e se perdem no conjunto de meus elementos; além disso, muitas circunstâncias da vida de Versílov me escaparam, em vista de ele ter sido sempre, em relação a mim, orgulhoso, altivo, fechado e negligente, a despeito de uma espécie de humildade, às vezes espantosa. Menciono, contudo, a título de informação, que durante sua existência ele dissipou três fortunas, bastante grandes aliás, num total de mais de 400.000 rublos e talvez muito mais ainda. Agora, naturalmente, ele não possui mais um copeque... |
Приехал он тогда в деревню "бог знает зачем", по крайней мере сам мне так впоследствии выразился. Маленькие дети его были не при нем, по обыкновению, а у родственников; так он всю жизнь поступал с своими детьми, с законными и незаконными. Дворовых в этом имении было значительно много; между ними был и садовник Макар Иванов Долгорукий. Вставлю здесь, чтобы раз навсегда отвязаться: редко кто мог столько вызлиться на свою фамилию, как я, в продолжение всей моей жизни. Это было, конечно, глупо, но это было. Каждый-то раз, как я вступал куда-либо в школу или встречался с лицами, которым, по возрасту моему, был обязан отчетом, одним словом, каждый-то учителишка, гувернер, инспектор, поп - все, кто угодно, спрося мою фамилию и услыхав, что я Долгорукий, непременно находили для чего-то нужным прибавить: |
Ele veio então ao seu domínio, "Deus sabe porquê"; pelo menos foi assim que mais tarde se explicou comigo. Seus filhinhos não estavam com ele, mas na casa de seus pais, segundo seu hábito; e assim procedeu a vida inteira com a sua descendência, fosse legítima ou ilegítima. Havia nessa propriedade um bom número de domésticos, entre eles o jardinejro Makár Ivánov Dolgorúkii. Acrescentarei aqui, para não mais voltar ao assunto: poucas pessoas puderam amaldiçoar tanto o próprio nome quanto eu, durante minha existência inteira. Isto é estúpido, sem dúvida, mas é verdadeiro. Cada vez que ingressava em uma escola ou que me defrontava com pessoas que, em vista de minha idade, deveria tratar respeitosamente, como professor, preceptor, censor, sacerdote, não importa quem - bastava que se perguntasse meu nome e soubesse que eu era Dolgorúkii, para se experimentar o desejo de acrescentar: |
- Князь Долгорукий? |
- Príncipe Dolgorúkii? |
И каждый-то раз я обязан был всем этим праздным людям объяснять: |
E todas as vezes eu era obrigado a explicar a esses desocupados: |
- Нет, просто Долгорукий. |
- Não, simplesmente Dolgorúkii. |
Это просто стало сводить меня наконец с ума. Замечу при сем, в виде феномена, что я не помню ни одного исключения: все спрашивали. Иным, по-видимому, это совершенно было не нужно; да и не знаю, к какому бы черту это могло быть хоть кому-нибудь нужно? Но все спрашивали, все до единого. |
Este simplesmente acabou por enlouquecer-me. Salientarei, como uma espécie de fenômeno, que não me lembro de nenhuma exceção; todos me faziam a pergunta. Alguns, evidentemente, formulavam-na sem o menor interesse; além do mais não sei de que modo isso podia interessar a quem quer que fosse. Mas todos perguntavam, todos, até o último. |
Услыхав, что я просто Долгорукий, спрашивавший обыкновенно обмеривал меня тупым и глупо-равнодушным взглядом, свидетельствовавшим, что он сам не знает, зачем спросил, и отходил прочь. Товарищи-школьники спрашивали всех оскорбительнее. Школьник как спрашивает новичка? Затерявшийся и конфузящийся новичок, в первый день поступления в школу (в какую бы то ни было), есть общая жертва: ему приказывают, его дразнят, с ним обращаются как с лакеем. Здоровый и жирный мальчишка вдруг останавливается перед своей жертвой, в упор и долгим, строгим и надменным взглядом наблюдает ее несколько мгновений. Новичок стоит перед ним молча, косится, если не трус, и ждет, что-то будет. |
Ao saber que eu era simplesmente Dolgorúkii, o interlocutor me media quase sempre com um olhar rude e tolamente indiferente, testemunhando não saber ele mesmo por que me interrogara, e ia embora. Porém os mais injuriosos eram os colegas de escola. Como um colegial interroga um novato? O calouro, desvairado e confuso, em seu primeiro dia de ingresso na escola (em qualquer escola) é o bode expiatório geral: dão-lhe ordens, importunam-no, tratam-no como se ele fosse um criado. Um rapazote gordo e cheio de saúde planta-se de súbito diante de sua vítima, fitando-a bem no rosto, e a observa alguns instantes com um olhar severo e insolente. O novato fica em silêncio, observando obliquamente, se não for um covarde, e espera os acontecimentos. |
- Как твоя фамилия? |
- Como te chamas? |
- Долгорукий. |
- Dolgorúkii. |
- Князь Долгорукий? |
- Príncipe Dolgorúkii? |
- Нет, просто Долгорукий. |
- Não, simplesmente Dolgorúkii. |
- А, просто! Дурак. |
- Ah!... simplesmente! Idiota! |
И он прав: ничего нет глупее, как называться Долгоруким, не будучи князем. Эту глупость я таскаю на себе без вины. Впоследствии, когда я стал уже очень сердиться, то на вопрос: ты князь? всегда отвечал: |
E tem razão: nada de mais tolo do que alguém chamar-se Dolgorúkii sem ser príncipe. Esta tolice, eu a carrego comigo sem que me caiba a culpa. Mais tarde, quando comecei a aborrecer-me seriamente com a pergunta: - "Tu és príncipe?" eu respondia sempre: |
- Нет, я - сын дворового человека, бывшего крепостного. |
- Não, sou filho de um empregado, antigo servo. |
Потом, когда уж я в последней степени озлился, то на вопрос: вы князь? твердо раз ответил: |
Mais tarde ainda, quando fiquei finalmente enfurecido com a pergunta: "Você é um príncipe?" respondi firmemente certo dia: |
- Нет, просто Долгорукий, незаконный сын моего бывшего барина, господина Версилова. |
- Não, Dolgorúkii simplesmente, filho natural do meu antigo senhor, Versílov. |
Я выдумал это уже в шестом классе гимназии, и хоть вскорости несомненно убедился, что глуп, но все-таки не сейчас перестал глупить. Помню, что один из учителей - впрочем, он один и был - нашел, что я "полон мстительной и гражданской идеи". Вообще же приняли эту выходку с какою-то обидною для меня задумчивостью. Наконец, один из товарищей, очень едкий малый и с которым я всего только в год раз разговаривал, с серьезным видом, но несколько смотря в сторону, сказал мне: |
Este achado feito por mim trazia a marca de eloqüente afetação e, apesar de cedo convencer-me de que era uma tolice, não renunciei a ele imediatamente. Lembro-me de que um dos professores - era, aliás, o único - descobriu que eu estava "cheio de idéias de vingança e de civismo". De modo geral, esta minha saída foi acolhida com uma seriedade um pouco ofensiva para mim. Por fim, um dos meus colegas, um rapazinho bem mordaz e com quem eu conversava apenas uma vez por ano, disse-me com um ar profundo, mas olhando ligeiramente de lado: |
- Такие чувства вам, конечно, делают честь, и, без сомнения, вам есть чем гордиться; но я бы на вашем месте все-таки не очень праздновал, что незаконнорожденный... а вы точно именинник! |
- Estes sentimentos só fazem honrá-lo, decerto, e, sem nenhuma dúvida, você tem de que se orgulhar. Entretanto, em seu lugar, eu não me envaideceria tanto de ser filho natural... Dir-se-ia que você, realmente, está festejando isso! |
С тех пор я перестал хвалиться, что незаконнорожденный. |
Desde então, deixei de vangloriar-me de minha ilegitimidade. |
Повторю, очень трудно писать по-русски: я вот исписал целых три страницы о том, как я злился всю жизнь за фамилию, а между тем читатель наверно уж вывел, что злюсь-то я именно за то, что я не князь, а просто Долгорукий. Объясняться еще раз и оправдываться было бы для меня унизительно. |
Repito-o: é muito difícil escrever em russo; já enegreci três folhas para explicar como imprequei a vida inteira contra meu nome, e o leitor decerto já concluiu que me enraivece o fato de não ser príncipe, mas apenas Dolgorúkii. Não me humilharei mais uma vez, explicando-me e justificando-me. |
Достоевский, Ф. М. Подросток. Год: 1875. Disponível em: http://lib.ru |
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