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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Joaquim Brasil Fontes Júnior

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Joaquim Brasil Fontes nasceu em 14 de outubro de 1939 em Formiga, Minas Gerais, uma cidadezinha mineira onde passou a sua infância e adolescência cercado de livros antigos: poetas orientais traduzidos para o francês, a obra completa de Shakespeare em italiano, poetas latinos em inglês, além de Salammbô, de Gustave Flaubert, que descobriu aos 13 anos de idade.

Aos 17 anos, um acontecimento: leu Rimbaud traduzido por Lêdo Ivo. Reencontrando recentemente este velho livro na sua estante, releu, impressionado, seu prefácio, no qual o arguto tradutor-poeta reflete sobre a “arte da tradução”.

Joaquim é filósofo, professor, pesquisador e tradutor. Doutorou-se em Letras Modernas na França: em Besançon, cidade onde se passa a primeira parte de Le Rouge et le Noir, de Stendhal.

A sua dissertação de mestrado e a tese de doutorado tinham por tema Os Cantos de Maldoror, de Lautréamont, texto ao qual voltou há uns quatro anos e que se encontra, hoje, no centro de um novo projeto, financiado pelo CNPq: “Lautréamont/Ovídio: Metamorfoses”. Em virtude desse trabalho, retomou o latim do período de Augusto, o francês oitocentista, e tem estudado a questão do grotesco, categoria estética que deriva, como se sabe, da redescoberta, no final do século XV, da deslumbrante pintura mural da Domus Aurea neroniana, durante séculos escondida no fundo da terra.

Fez seu pós-doutorado em Paris, onde seguiu os últimos cursos professados por Roland Barthes no Collège de France. Seguiu, também, na École des Hautes Études, os seminários de Gérard Genette, no momento em que o mestre elaborava sua doutrina sobre a intertextualidade.

Começou a aprender o francês por volta dos treze anos de idade, lendo, traduzindo e anotando Salammbô, de Flaubert, livro cujas brilhantes descrições, diálogos cerimoniosos e nomes orientais afrancesados encantavam-no, então, como hoje um poema hermético.

Estudou o grego e o latim no antigo ginásio e mergulhou, ainda muito jovem, nessas línguas, traduzindo poetas como o Pseudo-Anacreonte e o Ovídio das elegias eróticas. Entre as línguas modernas de seu domínio estão sobretudo o português, o francês, o italiano e um pouco de inglês. Entre as antigas, que alguns chamam de “mortas”, embora estejam mais “vivas” do que muitas modernas, o grego e o latim.

Joaquim traduz apenas textos literários, sendo que a fantasia de ser um tradutor jamais figurou nos seus projetos juvenis e é com surpresa que vê a Týche, a instável Fortuna, que sempre dirigiu a sua vida como lhe convém, "soprar seu nome para as páginas de um dicionário de tradutores".

Todos os “exercícios de tradução” finalmente publicados sob seu nome – versões e ou variações em torno de Safo, Mallarmé, Baudelaire; em torno de Eurípides, Sêneca e Racine, nasceram de uma pergunta ou inquietação, de um devaneio que inesperadamente se pôs a pulsar em torno de uma palavra ou verso, ou de um conceito, abrindo, assim, a partir de um problema, um horizonte de escrita.

Para o tradutor, todas as suas traduções brotaram do solo da ensaística, do qual, um pouco malgré moi, acabaram por se destacar, depois de as obras estrangeiras o terem, por assim dizer, escolhido.

É autor de alguns ensaios, entre os quais Eros, tecelão de mitos (sobre a poética de Safo); Poética do fragmento (sobre Safo); Os anos de exílio do jovem Mallarmé (sobre a poética do jovem Mallarmé). Sua tradução de Eurípides, Sêneca e Racine é precedida por um longo ensaio de 100 páginas. Escreveu também uma obra ficcional, A Musa Adolescente, texto gerado no horizonte de traduções de epigramas gregos da Antologia Palatina. Além desses livros, é autor de um divertissement publicado em Florianópolis, O Livro dos Simulacros. Tem, ainda inédito, um longo estudo sobre a Fedra de Sêneca. Também inédito, um romance: A Idade de Ouro.

Reconhecido pelo seu trabalho recebeu o terceiro lugar na premiação do Jabuti de 1992, na categoria Ensaio pela obra Eros, tecelão de Mitos e figurou na lista dos 10 escolhidos, na categoria Tradução, em 2004, com Safo de Lesbos – Poemas e Fragmentos e também, recebeu o Jabuti da tradução de 2008 com a tradução de Hipólito e Fedra.

Atualmente, Joaquim Brasil Fontes é titular da disciplina Leitura e Produção de Textos na Universidade Estadual de Campinas (SP) e coordenador do GEISH (Grupo de Estudo Interdisciplinar em Sexualidade Humana) da Unicamp, no âmbito do qual desenvolve pesquisas sobre erotismo e sexualidade, no horizonte das literaturas clássicas e modernas. Atua também nos Grupos: Poesia da Idade Imperial Romana (Unicamp) e Diversidade em Educação. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Literatura e Ensino, e atua nas áreas de Literatura Comparada, Literaturas Clássicas (Grega e Latina) e Francesa (séculos XVII, XVIII e XIX), voltando-se particularmente para questões ligadas à narrativa, à poesia e ao teatro, bem como ao ensino de literatura e leitura.

Verbete publicado em 15 de April de 2009 por:
Lilia L. C. Agnes
Andréia Guerini

Bibliografia

Traduções Publicadas

Eurípides, Sêneca e Jean Racine. Hipólito e Fedra. Três tragédias. [Por: Joaquim Brasil Fontes]. São Paulo: Iluminuras, 2007. v. 1. 494 p.

Mallarmé, Stéphane. Os anos de exílio do jovem Mallarmé. [Por: Joaquim Brasil Fontes]. Cotia, SP: Ateliê, 2007. v. 1. 169 p.

(Les Fleurs, Las de l'amer repos, Tristesse d'été, Brise Marine, La chevelure vol..., Sainte, Prose, Autre éventail de Mademoiselle Mallarmé, Feuillet d'album, Victorieusement fui..., Toute l'âme résumée..., M'introduire dans ton histoire, Mes bouquins renfermés..).

Baudelaire, Safo, Ovídio. Eros, Tecelão de Mitos. A poesia de Safo de Lesbos. [Por: Joaquim Brasil Fontes]. São Paulo: Estação Liberdade, 1991. 537 p.

Baudelaire, Safo, Ovídio. Eros, tecelão de mitos. [Por: Joaquim Brasil Fontes]. 2. ed. São Paulo: Iluminuras, 2003. v. 3.000. 601 p.

Lesbos, Safo de. Poemas e Fragmentos. [Por: Joaquim Brasil Fontes]. São Paulo: Iluminuras, 2004. v. 1. 191 p.

Lesbos, Safo de. Poética do fragmento. [Por: Joaquim Brasil Fontes]. Belém: Instituto de Artes do Pará, 2000. 135 p.

Lesbos, Safo de.Variações sobre a lírica de Safo. [Por: Joaquim Brasil Fontes]. Edição bilingue. São Paulo: Estação Liberdade, 1992. 220 p.

 

Lesbos. Safo de. Fragmentos dos fragmentos da lírica de Safo. [Por: Joaquim Brasil Fontes]. Florianópolis: Noa Noa, 1990. 38 p.

Obra própria

Fontes, Joaquim Brasil. O livro dos simulacros. Florianópolis: Clavicórdio, 2000. v. 1. 128 p. (filosofia)

Fontes, Joaquim Brasil. As obrigatórias metáforas. São Paulo: Iluminuras, 1999. v. 1. 89 p. (pedagogia)

Fontes, Joaquim Brasil. A Musa Adolescente. São Paulo: Iluminuras, 1998. v. 1. 255 p. (teatro)

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ISBN:   85-88464-07-1

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