Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia
Daniel Galera, nascido em São Paulo no ano 1979, de pais gaúchos, ainda cedo é levado a Porto Alegre, onde se radica inicialmente até os seus vinte e tantos anos, formando-se em publicidade e propaganda pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escritor, editor e tradutor, desde jovem encontra-se envolvido com a literatura, jamais tendo exercido a carreira de publicitário.
É pela internet, e quando a mesma ainda se via em estágio embrionário, nos fins dos anos 90, que o autor inicia e vê difundir-se suas primeiras produções autorais. De modo corajoso, e no intuito de dar seguimento, portanto, a suas atividades literárias, cria, em parceria com alguns amigos, uma editora independente por onde lança seus primeiros dois livros.
Daniel Galera inicia as atividades de tradutor em 2003, em paralelo ao lançamento de seu segundo livro, muito provavelmente já pela reconhecida atuação em publicações on-line, quando lhe chega às mãos o material posteriormente intitulado O Blog de Bagdá, de autoria de Salam Pax, através de indicação de alguns funcionários da editora Companhia das Letras. A partir daí, segue naturalmente o trajeto como tradutor, tendo vertido textos de literatura infanto-juvenil, romances, contos e histórias em quadrinhos.
Traduz unicamente do inglês, língua com a qual se familiarizou, ainda jovem, por meio de estudos tradicionais, mas também de maneira lúdica, por intermédio de jogos de vídeo game ou escutando músicas em língua estrangeira. Mais tarde, ainda adolescente, robustece seu conhecimento na língua quando passa a ler literatura em inglês.
Galera é considerado um dos importantes representantes da nova geração de escritores nacionais. Ele recebeu vários prêmios pela carreira de escritor de prosa em ficção, dentro os quais podem ser destacados o Machado de Assis, de Romance, em 2008, para Cordilheira, livro que também foi agraciado com o terceiro lugar no Prêmio Jabuti, categoria Romance, em 2009; assim como o prêmio São Paulo de literatura, 2013, para Barba Ensopada de Sangue. Essas premiações são mostras do respeito que se tem pela sua produção autoral. De mesma maneira, pela quantidade de idiomas para os quais já teve suas obras traduzidas, dentre os menos óbvios, o Catalão, o Finlandês ou o Hebraico, além, é claro, das tradicionais línguas francesa, inglesa ou espanhola, podemos estimar o importante trajeto literário que tem construído. Dentro de suas atividades como tradutor esse trajeto não é diferente. Usufruindo de certa liberdade na escolha das obras com as quais trabalha, Galera também indica livros ou autores, que gostaria de traduzir à editora, participando ativamente, por vezes, na própria organização de obras futuramente vertidas, por ele, em português.
Nesse sentido, delineia o estilo dentro da atividade de tradutor. Autores que o influenciaram como escritor, como, por exemplo, David Foster Wallace, agora são traduzidos por ele. Do mesmo modo, tornar-se referência na tradução de alguns escritores, como é o caso de Irvine Welsh, de quem traduziu, em conjunto com Daniel Pellizzari, a trilogia iniciada por Trainspotting. Ou ainda, traduzindo livros das novas gerações da língua inglesa, como Zadie Smith, ou mesmo autores que influenciaram, antes disso, outras gerações, como Robert Crumb e suas histórias em quadrinhos, Daniel Galera firma suas preferências e garante uma respeitável e profícua atividade também enquanto tradutor.
Verbete publicado em 27 de March de 2017 por:
Alexandre Rivas Zagoury
Cleusa Maria Scerer
Thiago André Veríssimo
Marie-Hélène Catherine Torres
Excerto de O lobo do mar, de Jack London. Tradução de Daniel Galera.
I scarcely know where to begin, though I sometimes facetiously place the cause of it all to Charley Furuseth`s credit. He kept a summer cottage in Mill Valley, under the shadow of Mount Tamalpais, and never occupied it except when he loafed through the winter mouths and read Nietzsche and Schopenhauer to rest his brain. When summer came on, he elected to sweat out a hot and dusty existence in the city and to toil incessantly. Had it not been my custom to run up to see him every Saturday afternoon and to stop over till Monday morning, this particular January Monday morning would not have found me afloat on San Francisco Bay. |
Não sei bem por onde começar, embora às vezes ponha toda a culpa em Charley Furuseth, só de brincadeira. Ele tinha uma casa de veraneio em Mill Valley, à sombra do monte Tamalpais, mas a ocupava somente no inverno, quando ia para lá descansar e aliviar a cabeça lendo Nietzsche e Schopenhauer. Quando chegava o verão, ele optava por ficar suando no calor e na poeira da cidade, se matando de trabalhar. Não fosse meu hábito de visitá-lo toda tarde de sábado e ficar por lá até a manhã de segunda-feira, eu não teria, nessa manhã de uma segunda-feira de janeiro em particular, ido parar a bordo de uma embarcação na baía de São Francisco. |
Not but that I was afloat in a safe craft, for the Martinez was a new ferry-steamer, making her fourth or fifth trip on the run between Sausalito and San Francisco. The danger lay in the heavy fog which blanketed the bay, and of which, as a landsman, I had little apprehension. |
Não que a embarcação fosse insegura, pois o Martinez era um vapor novo, fazendo a sua quarta ou quinta travessia entre Sausalito e São Francisco. O perigo estava na névoa espessa que encobria o porto, o que, para mim, um homem de terra firme, não era motivo de apreensão. |
In fact, I remember the placid exaltation with which I took up my position on the forward upper deck, directly beneath the pilot-house, and allowed the mystery of the fog to lay hold of my imagination. A fresh breeze was blowing, and for a time I was alone in the moist obscurity- yet not alone, for I was dimly conscious of the presence of the pilot, and of what I took to be the captain, in the glass house above my head. I remember thinking how comfortable it was this division of labour which made it unnecessary for me to study fogs, winds, tides, and navigation, in order to visit my friend who lived across an arm of the sea. It was good that men should be specialists, I mused. |
Na verdade, lembro do entusiasmo sereno com que assumi posição na dianteira do convés superior, debaixo da casa do leme, deixando o mistério da névoa tomar conta da minha imaginação. Soprava uma brisa fria, e permaneci algum tempo sozinho na penumbra úmida - embora não de todo só, pois sentia vagamente a presença, bem acima, na cabine envidraçada, do piloto e do homem que devia ser o capitão. |
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London, Jack. Sea-wolf. The Project Gutenberg eBook, www.gutenberg.org. 2010. Página 3. |
London, Jack. O lobo do mar. [Por Daniel Galera]. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. (Sea-Wolf). Romace. Páginas 25 e 26. |
Excerto de tradução de Scagboys, de Irvine Welsh. Tradução de Daniel Galera & Daniel Pellizzari.
(…) Ah hear their verbal conflict continue as they mount the stairs, Coke`s nasal apologetic whine, - But, Ja –ney…ah jist meta couple ay the boys, Ja-ney…nice tae be nice, but, eh? |
(...) Escuto a discussão continuando enquanto sobem as escadas, o lamento anasalado e cheio de desculpas de Coke: - Mas Ja-ney… só me encontrei com o pessoal, Ja-ney …não me leva a mal , tá? |
What`s the daughter`s name again…come tae Simon... |
Como é mesmo o nome da filha... vem pro Simon... |
- Change the record, for God sakes, Janey moans, turning the stair bend and looking briefly at me before rubbernecking back tae Coke, - jist stey oot, Colin! Dinnae bother us, eh! |
- Vira o disco, pelamordedeus - resmunga Janey, trocando o lance de escadas e dando uma olhadinha pra mim antes de virar a cabeça de volta pro Coke- Fica londe de casa, Colin! Não incomoda! |
Ah acknowledge the wee Grant felly`s beetroot coupon with an empathetic smile. Feeling your pain, Sonny Jim. And the daughter is behind him, pouting with sulky teen lips like a model who`s just been told there`s one more outfit change and another catwalk prance before she can indulge in that much needed line ay Charlie and a vodka martini. |
Recebo o rostinho cor de beterraba do pequeno Grant com um sorriso compreensivo. Entendo sua dor, meu garoto. E a filha vem depois, fazendo beiço com os lábios de adolescente como se fosse uma modelo que acaba de saber que vai ter que trocar de roupa mais uma vez e dar outra volta na passarela antes de ter a chance de se entregar àquela muito bem-vinda carreira de pó e um vodca-martíni. |
- Simon, Janey says curtly as she passes me, but the wee honey, Maria, her name is, gies me the snooty treatment. Very blonde and tan, I believe they`re no long back fae a family holiday in Majorca (where Coke inevitably disgraced himself), the skin tone brought up by that tight black skirt and light yellow top. |
- Simon- Janey diz bruscamente ao passar por mim, mas a gostosinha, que se chama Maria, me dá uma esnobada. Bem loira e bronzeada, me faz pensar que devem ter voltado há pouco de férias em família em Majorca (onde Coke inevitavelmente se arruinou), o tom da pele tornado mais vivo pela saia preta apertada e o top amarelo- claro. |
And suddenly that name… |
E de repente aquele nome... |
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Welsh, Irvine. Scagboys. First American Edition. W.W Norton & Company Inc. New York, 2012. (pg.20). |
Welsh, Irvine. Skagboys. [Por Daniel Galera & Daniel Pellizzari]. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. (Skagboys). (pg 32-33). |
Excerto de Jimmy Corrigan, The Smartest Kid on Earth, de Chris Ware. Tradução de Daniel Galera.
JIMMY! |
JIMMY! |
JIMMY, I`M LEAVING NOW |
JIMMY, ESTOU SAINDO AGORA |
WHEN I TELL YOU TO DO SOMETHING BY A CERTAIN TIME, YOUNG MAN, I MEAN DO IT THEN! AND I DON`T MEAN MAYBE! |
QUANDO TE DIGO PRA FAZER TAL COISA EM TAL HORA, MOLEQUE, É PRA SER NA HORA! E NADA DE TALVEZ! |
I`M NOT YOUR PERSONAL |
NÃO SOU SUA EMPREGADA, |
I KNOW, MON, I KNOW |
EU SEI, MÃE, EU SEI |
LISTEN -- NO BACK TALK, OR WE`RE GOING HOME RIGHT NOW! |
ESCUTA -- SE VOCÊ COMEÇAR A RESPONDER, VOLTAMOS AGORA! |
AND STOP STICKING YOUR ARM OUT THERE -- WHAT ARE YOU DOING, ANYWAY? |
E PARA DE ESTICAR O BRAÇO PRA FORA – PRA QUÊ FAZER ISSO? |
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Ware, Chris. Jimmy Corrigan: The Smartest Kid on Earth. Hardcover edition (2000). Pantheon. Disponível em: http://www.amazon.com/Jimmy-Corrigan-The-Smartest-Earth/dp/0375714545. |
Ware, Chris. Jimmy Coorigan, O Garoto Mais Esperto do Mundo. [Por: Daniel Galera]. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. (Jimmy Cooriga: The Smartest Kid on Earth). Disponível em: http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/65004.pdf. |
Bunker, Edward. Nem os mais ferozes. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Barracuda, 2004. (No biest so fierce). Romance.
Cheever, John. 28 contos de John Cheever. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. Contos.
Coleman, Michael. Horripilantes contos de fadas. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. (Top ten fairy tales). Contos.
Crumb, Robert. América. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Conrad, 2004. (America). Histórias em quadrinhos.
Crumb, Robert. Blues. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Conrad, 2004. (R. Crumb draws the Blues). Histórias em quadrinhos.
Crumb, Robert. Minha Vida. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Conrad, 2005. (The complete Crumb comics). Histórias em quadrinhos.
Foer, Jonathan Safran. Extremamente alto & incrivelmente perto. [Por Daniel Galera]. Rio de Janeiro: Rocco, 2006. (Extremely loud & incredibly close). Romance.
Kunkel, Benjamin. Indecisão. [Por Daniel Galera]. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. (Indecision). Romance.
London, Jack. O lobo do mar. [Por Daniel Galera]. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. (Sea-Wolf). Romance.
Martin, Douglas A. Seu corpo figurado. [Por Daniel Galera]. Rio de Janeiro: Editora Bolha, 2011. (Your body figured). Novela.
Mitchell, David. Os mil outonos de Jacob de Zoet. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. (The thousand autumns of Jabob de Zoet). Romance.
Pax, Salam. O blog de Bagdá. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
(The Bagdah Blog). Crônicas.
Simpson, Margaret. Lendas do Rei Artur. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. (Arturian Legends). Contos.
Smith, Zadie. Sobre a Beleza. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
(On beauty). Romance.
Thompson, Hunter S. Reino do Medo. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. (Kingdom of Fear). Autobiografia.
Wallace, David Foster. Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo. [Por Daniel Galera & Daniel Pellizzari]. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. Ensaios.
Ware,Chris. Jimmy Coorigan, O Garoto Mais Esperto do Mundo. [Por Daniel Galera]. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. (Jimmy Coorigan: The Smartest Kid on Earth). Histórias em quadrinhos.
Welsh, Irvine. Pornô. [Por Daniel Galera & Daniel Pellizzari]. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.
(Porno). Romance.
Welsh, Irvine. Skagboys. [Por Daniel Galera & Daniel Pellizzari]. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. (Skagboys). Romance.
Welsh, Irvine. Trainspotting. [Por Daniel Galera & Daniel Pellizzari]. Rio de Janeiro: Rocco, 2005. (Trainspotting). Romance.
Galera, Daniel. Meia noite e vinte. Romance. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
Galera, Daniel. Barba Ensopada de Sangue. Romance. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
Galera, Daniel; Coutinho, Rafael. Cachalote. Quadrinhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Galera, Daniel. Cordilheira. Romance. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Galera, Daniel. Mãos de Cavalo. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
Galera, Daniel. Até o dia em que o cão morreu. Romance. Porto Alegre: Livros do Mal, 2003 e reeditado em São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Galera, Daniel. Dentes guardados. Porto Alegre: Livros do Mal, 2001.
Bottmann, Denise. não gosto de plagio, o lobo do mar, 15-03-2012. Disponível em <http://naogostodeplagio.blogspot.com.br>.
DITRA. Site do Dicionário de tradutores literários no Brasil. Dísponivel em <http://www.dicionariodetradutores.ufsc.br/>
Galera, Daniel. Site pessoal do autor e tradutor. Dísponivel em <http://ranchocarne.org/>
Galera, Daniel. Wikipedia. Disponível em < pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_Galera>
Galera, Daniel. Entrevista concedida à revista literária Tiro de Letra. Disponível em <http://tirodeletra.com.br/entrevistas/DanielGalera.htm>
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