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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Carla Bessa

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Carla Bessa nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 2 de outubro de 1967, e reside na Alemanha há 24 anos, país em que é naturalizada. Estudou teatro na UNIRIO e possui Formação de Ator na Casa de Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

Atuando como diretora e atriz de teatro na Alemanha, surgiu a oportunidade de traduzir peças de teatro em língua alemã para o português. Estudou tradução e escrita criativa de forma auditada, e já recebeu duas bolsas de tradução. A primeira foi do Colégio de Tradutores de Straelen e a segunda da Sociedade para Literatura da Áustria, onde atualmente está traduzindo o romance Malina, de Ingeborg Bachmann.

Carla só traduz literatura, e tem preferência pela literatura alemã dos séculos 20 e 21 e também literatura infanto-juvenil. Traduz do alemão para o português brasileiro, sempre de forma direta. Também gosta de escrever literatura, mas até o momento não tornou seus escritos públicos.

Considera que as obras mais importantes em língua alemã que traduziu são: Medea Stimmen, de Christa Wolf. e  Mein Name sei Gantenbein, de Max Frisch.

Verbete publicado em 19 de September de 2015 por:
Rodrigo da Silva Cardoso
Marie-Hélène Catherine Torres

Excertos de traduções

Excerto de Lá vem Lola, de Isabel Abedi. Tradução de Carla Bessa.

Kapitel 3

Capítulo 3

...Mama kennt eine Frau, die hat eine Knallphobie. Diese Frau fürchtet sich vor allem, was knallt. Sogar vor Sektkorken. Und Silvester liegt die Frau dann kreischend im Bett und hält sich die Ohren zu, damit sie das Knallen der Feuerwerksraketen nicht hören muss. Also, diese Frau tut mir sehr, sehr leid, denn Feuerwerk ist für mich das Allergrößte. Spinnen mag ich auch, sogar Vogelspinnen.

...E a mamãe conhece uma mulher que tem uma fobia de estampido. A mulher tem medo de tudo o que estoura. Até de rolha de champanhe. E no ano-novo a mulher fica deitada na cama gritando e tapando os ouvidos para não ter de ouvir o estrondo dos fogos de artifício. Nossa, essa mulher me dá muita, muita pena, pois fogos de artifício para mim são o máximo. E gosto também de aranhas, até mesmo de tarântulas.

Dafür habe ich diese schrecklich große Angst vor Fröschen. Niemand weiß, warum. Ich weiß es auch erst, seit Mama mir das Märchen vom Froschkönig vorgelesen hat. Schon beim Lesen wurde mir schlecht. Aber dann hat Mama mir das Bild gezeigt. Es war ein sehr, sehr großes Bild, das Mama ganz dicht vor meine Nase gehalten hat. Da habe ich so geschrien, dass unsere Nachbarn die Polizei gerufen haben. Mama wollte mit mir zum Arzt, aber davor hatte ich noch mehr Angst. Seitdem mache ich um Frösche einen großen Bogen. Das ist manchmal ziemlich schwierig. Ihr glaubt ja nicht, wie viele Frösche es auf der Welt gibt.

Und wie viele Bilder von Fröschen. Jetzt sogar in meinem neuen Klassenzimmer. Frau Wiegelmann konnte ja nicht wissen, dass ich eine Froschphobie habe.

Para compensar, tenho esse medo horripilante de sapo. Ninguém sabe por quê. Eu também só sei que tenho medo desde que mamãe leu para mim a fábula do príncipe sapo. Já comecei a passar mal durante a leitura. Mas então a mamãe me mostrou uma ilustração. Era uma ilustração muito, muito grande, que a mamãe colocou bem debaixo do meu nariz. Aí eu gritei tanto que os vizinhos chamaram a polícia. Mamãe queria me levar ao médico, mas disso eu tive ainda mais medo. Desde esse dia, eu passo bem longe de sapos. O que às vezes é bem difícil. Vocês não acreditam quantos sapos tem no mundo. E quantas fotos de sapos. Agora até na minha nova sala de aula. A sra. Wiegelmann não tinha como saber que tenho uma fobia de sapo.

„Was ist denn mit dir los, Lola?“, hörte ich sie fragen.Vor meine Augen hatte ich ja noch immer die Hände gepresst.

̶ O que é que há com você, Lola? – a ouvi perguntar. Eu continuava com as mãos pressionadas sobre os olhos.

„Nichts“, flüsterte ich, als ich wieder sprechen konnte. Ich wollte Frau Wiegelmann nichts von meiner Phobie erzählen. Erst Fische, dann Frösche. Die würde ja denken, ich wollte sie veräppeln. Oder ich hätte ein Problem mit dem Buchstaben F.

̶ Nada – sussurrei quando consegui falar novamente. Não queria contar para a sra. Wiegelmann nada das minhas fobias. Primeiro, peixe, depois, perereca. Ela iria pensar que eu estava gozando dela. Ou que eu tinha um problema com a letra P.

F wie Fisch.

P de peixe.

F wie Frosch.

P de perereca.

F ... wie Flora Flo!

 

Oje!

Ah, não!

Ich nahm mir vor, in den nächsten Tagen mit Mama oder Papai zu sprechen, damit sie vielleicht mit Frau Wiegelmann reden konnten.

Resolvi que ia conversar com a mamãe e o papai nos próximos dias para que eles falassem com a sra. Wiegelmann.

Nicht wegen Flora oder dem Fischgeruch.

Não por causa do cheiro de peixe ou da Flora.

Sondern wegen der Frösche.

Mas por causa dos sapos.

Mama hatte auch mit den Lehrern in meiner ersten Schule über meine Phobie geredet, weil wir dort den Frosch einmal im Naturkundeunterricht durchgenommen hatten. Da durfte ich für diese Stunde in eine andere Klasse.

Mamãe também tinha conversado com os meus professores na escola antiga sobre a minha fobia porque uma vez a gente teve o sapo como tema da aula de ciências. Naquele dia eu pude fazer aula em outra turma.

Aber jetzt musste ich erst mal sehen, dass ich von hier wegkam. Ein Frosch im Rücken war schlimm genug. Aber jeden Tag darauf zu gucken, das würde ich nicht aushalten. Das war fast so schrecklich wie ein echter Frosch und viel, viel schrecklicher als der Geruch nach Fisch.

Mas naquela hora eu precisava dar um jeito de sair dali. Uma perereca nas costas é ruim o suficiente. Mas ter que olhar todo dia para ela eu não suportaria. Isso era tão terrível quanto um sapo de verdade e muito, muito mais terrível que cheiro de peixe.

„Ich glaube, ich bleibe doch lieber an meinem alten Platz“, murmelte ich. Dann ging ich mit gesenktem Kopf zurück.

– Acho que prefiro mesmo voltar para o meu lugar – murmurei. Aí, voltei com a cabeça abaixada.

 

 

Abedi, Isabel. Hier kommt Lola!. Alemanha: Loewe Verlag, 2004.

Abedi, Isabel. Lá vem Lola!. [Por: Carla Bessa]. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2015.

Bibliografia

Traduções Publicadas

Abedi, Isabel. Lá vem Lola!. [Por: Carla Bessa]. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2015. (Hier kommt Lola!). Romance infanto-juvenil.

Bachmann, Ingeborg. Malina. [Por: Carla Bessa]. São Paulo: Editora Estação Liberdade. Publicação  prevista para 2016. (Malina). Romance.

Frisch, Max. Que me chame Gantenbein. [Por: Carla Bessa]. São Paulo: Editora Estação Liberdade.  No prelo. (Mein Name sei Gantenbein). Romance.

Gier, Kerstin. Silber. [Por: Carla Bessa]. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2015. (Silber: das erste Buch der Träume). Romance infanto-juvenil.

Wolf, Christa. Medeia. Vozes. [Por: Carla Bessa]. São Paulo. Editora Estação Liberdade. No prelo. (Medea: Stimmem). Romance.

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ISBN:   85-88464-07-1

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