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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Camilo Prado

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Camilo Prado, pseudônimo de Davi de Souza, nasceu em Itajaí, Santa Catarina, em 21 de junho de 1969. Formado em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina, possui mestrado em Ética e Filosofia Política pela PUCRS, doutorado em Literatura pela UFSC e pós-doutorado em Filosofia da Arte pela mesma instituição.

Prado traduz do inglês, espanhol e sobretudo francês, línguas que aprendeu a partir de cursos básicos de idiomas e posteriormente como autodidata. Além de ensaios e textos filosóficos, é na literatura onde se encontram as suas principais traduções, sendo as mais importantes, segundo o próprio tradutor, A cidade adormecida e outros contos fantásticos, de Marcel Schwob e Claire Lenoir, de Villiers de L’Isle-Adam. A exemplo dessas obras, Camilo Prado traduz apenas o que escolhe, sendo o seu gosto pessoal o principal critério para essa seleção. Embora não escreva sobre a sua prática de tradução ou mesmo sobre tradução, costuma assinar prefácios e artigos sobre as obras que traduz. Além de tradutor, Camilo Prado também escreve contos, tendo publicado três livros pela editora Nephelibata, da qual é editor. Tradutor de mais de 70 autores distribuídos em antologias de contos, o enfoque dispensado por Prado repousa na literatura decadentista e fantástica, sobretudo do século XIX, vertente literária a qual vem se dedicando enquanto tradutor e também editor.

Verbete publicado em 2 de March de 2015 por:
Anderson da Costa
Suyan Magally Ferreira
Marie-Hélène Catherine Torres

Excertos de traduções

Excerto de “O monstro e o duende”, de Saint-Pol Roux. Tradução de Camilo Prado.

LE MONSTRE ET LE LUTIN

O MONSTRO E O DUENDE

À Jules Huret.

A Jules Huret.

 

Ce soir, la crête de présomption au front, je quitte mon village de Provence avec pour but ce creuset des vastes destinées, Paris !

Nesta noite, com a crista da presunção na fronte, eu deixo meu vilarejo de Provença com o objetivo de cavar vastos destinos, Paris!

— « En voiture ! »

―“De carro!”

Dernières caresses, éternuements et toux des portières qu’on ferme, roulade de sifflet, son de cloche, barrits de frein, aboiements de plaques tournantes, jeu de prunelles des disques, signaux de barrière, — et notre machine s’époumone dans la catastrophe réglée de la vapeur, imposant à sa caravane de wagons la trajectoire d’un obus gigantesque.

Últimas carícias, espirros e tosses das portas que fechamos, trilo de apito, som de sino, barritos de freio, ladrido de barras giratórias, jogos de pupilas dos discos, sinais de barreira, ― e nossa máquina põe os pulmões para fora na catástrofe regrada do vapor, impondo à sua caravana de vagões a trajetória de um obus gigantesco.

Les gens de mon compartiment, en quête d’installation, se démènent à la façon d’une poignée de cristaux dans un kaléidoscope : du dehors nous devons former une succession de tableaux bizarres ; pour l’œil du pâtre qui regagne son logis, nous figurons peut-être, sous la gigue de la lampe et de par nos mouvements, soit un château de légende, soit une scène de derviches tourneurs, soit un pugilat de fantômes...

As pessoas de meu compartimento, à procura de instalação, agitam-se à maneira de um punhado de vidros em um caleidoscópio: de fora nós devemos formar uma sucessão de quadros bizarros; pelo olho do padre que retorna para sua residência, figuramo-nos talvez, sob a ginga da lâmpada e pelos nossos movimentos, ora um castelo de lenda, ora uma cena de dervixes girando, ora um pugilismo de fantasmas...

Insensiblement l’effarement brouillé des voyageurs se transpose en quiétude, car il est une habitude du tohu-bohu comme de la douleur.

Insensivelmente a agitada perturbação dos viajantes se inverte em quietude, pois é um hábito da desordem como da dor.

Les valises casées, les sièges occupés, on se compte enfin, tacitement : un vieillard, quatre messieurs, un ecclésiastique, une dame élégante d’âge mûr au visage de porcelaine craquelée, l’adolescent que je suis. Les premiers regards se croisant en aiguilles tricotent dare dare comme un invisible pavillon d’alliance pour la durée du voyage.

As valises arrumadas, os acentos ocupados, enfim tacitamente se conta: um velhote, quatro senhores, um eclesiástico, uma elegante senhora de meia-idade com rosto de porcelana rachada, o adolescente que sou. Os primeiros olhares se cruzam como agulhas que tricotam às pressas uma invisível bandeira de aliança para a duração da viagem.

Passé la banlieue de Marseille, une phrase à propos d’une orange à partager invite d’autres phrases ; or, mes voisins connaissant tous Paris déjà, c’est inopinément une sorte de piédestal de mots sur lequel trône, motif unique, l’universelle cité, mais, tant les mots sont aigus, un piédestal d’épines auquel d’ameutés cris de haine voudraient bien mettre le feu ; oui, tous, hormis la dame, tous daubent sur Paris dans un déchaînement subit, — et la fleur de ma naïveté s’ouvre, telle une grande oreille étonnée.

Passado o subúrbio de Marselha, uma frase a propósito de uma laranja que se partilha convida outras frases; ora, todos os meus vizinhos já conhecendo Paris é inevitável uma espécie de pedestal de palavras sobre a qual reina, como motivo único, a cidade universal, mas um pedestal de espinhos, tanto são agudas as palavras, ao qual amotinados gritos de ódio gostariam muito de atear fogo; sim, todos, exceto a senhora, todos denigrem Paris num súbito arrebatamento, ― e a flor de minha ingenuidade se abre como um enorme ouvido assombrado.

On sait vite mon cas de jeune homme en première partance.

Descobrem logo meu caso de jovem em primeira viagem.

Aussitôt m’assaillent des blâmes et des quolibets.

No mesmo instante me assaltam repreendas e zombarias.

Mon vis-à-vis, aux allures de négociant, glapit :

O que está na minha frente, com porte de negociante, gane:

— « Pauvre petit ! »

―“Pobre pequeno!”

L’ecclésiastique opine :

O eclesiástico opina:

— « Vous eussiez mieux fait de rester auprès de madame votre mère ! »

―“Vós teríeis feito melhor ficando próximo da senhora sua mãe!”

Seule, l’automnale dame au maquillage printanier enjolive son coin d’un sourire, silencieuse.

Somente a outonal senhora de maquilagem primaveril enfeita o canto de sua boca com um sorriso, silenciosa.

Et les autres de s’acharner de plus en plus sur la ville maudite que, pour une traduction saisissable, ils symbolisent sous les espèces d’un monstre, et j’assiste pour ainsi dire à la création graduelle d’une horrible bête dont voici les griffes, puis les pattes, puis les crocs, puis la gueule, puis le ventre, puis la queue au triple dard.

E os outros se aferram mais e mais sobre a cidade maldita que, para uma tradução compreensível, eles simbolizam sob as formas de um monstro, e eu assisto por assim dizer a criação gradual de um animal horrível do qual surgem as garras, depois as patas, depois os caninos, depois a goela, depois o ventre, depois o rabo de ferrão triplo.

— « Ah ! si tu savais, jeune homme, comme tu descendrais à la station prochaine ! »

―“Ah! se tu soubesses, rapaz, descerias na próxima estação!”

Finalement, dans l’hallucination générale, l’épouvantail est là, tarasque matérialisée, comblant le compartiment d’un vasistas à l’autre, crachant du venin, soufflant des flammes.

Finalmente, na alucinação geral, o espantalho está ali, tarasca materializada, ocupando o compartimento de uma janela à outra, cuspindo veneno, soltando fogo.

Lui montrant le poing, les hommes hurlent à travers l’écume :

Mostrando-lhe o punho, espumando os homens gritam:

— « Il m’a souillé ! »

―“Ele me infectou!”

— « Il m’a déshonoré ! »

―“Ele me desonrou!”

— « Il m’a vidé le cerveau ! »

―“Ele me esvaziou o cérebro!”

— « Il m’a ruiné ! »

―“Ele me arruinou!”

— « Il a tué tous mes garçons ! »

―“Ele matou todos os meus garotos!”

— « Il a dévoré toutes mes filles ! »

―“Ele devorou todas as minhas filhas!”

Puis en chœur :

Em seguida em coro:

— « Malheur à toi, Babylone moderne, malheur à toi, malheur ! »

―“Desgraçada de ti, Babilônia moderna, desgraçada de ti, desgraçada!”

Je halette, les prunelles plus grosses que des noix.

Eu ofego, com as pupilas maiores do que nozes.

— « Et vous, Madame ? » demandè-je à l’unique voyageuse.

―“E vós, Senhora?” perguntei à única viajante.

Flattant de la main la queue du monstre, elle répond d’une voix de miel :

Acariciando com a mão o rabo do monstro, ela responde com uma voz de mel:

— « Oh ! moi, vous savez, il m’a fait cent mille francs de rentes ! »

―“Oh! eu, sabeis, tem me fornecido cem mil francos em rendas!”

À ces mots inattendus mon rire éclate, si vif que, parti en flèche, il va crever la fantastique baudruche, et je n’aperçois plus que des gens affalés sur les coussins, désireux de sommeil, ramenant à mi-corps leurs couvertures de voyage, lesquelles, tigrées ou bariolées, me paraissent taillées dans la peau du monstre évanoui.

A estas inesperadas palavras meu riso explode, tão vivo que, partindo em flecha, crava na fantástica bexiga e percebo apenas pessoas arriadas sobre as almofadas, desejosas de sono, puxando a meio-corpo seus cobertores de viagem, os quais, tigrados ou de colorido estranho, parecem-me talhos na pele do monstro desmaiado.

Avant de clore les yeux, le vieillard :

Antes de fechar os olhos, o velhote:

— « Qu’allez-vous faire à Paris, jeune homme ? »

―“Jovem, o que irás fazer em Paris?”

— « Placer des diamants. »

―“Colocar diamantes.”

— « En avez-vous sur vous ? » précipite la dame.

―“E levas aí com vós?” precipita-se a senhora.

— « Non et oui, Madame, ils sont là... dans ma tête. »

―“Não e sim, Senhora, eles estão aqui... na minha cabeça.”

L’assemblée de se tordre alors, et les ventres de secouer les couvertures d’ironiques vagues.

A assembleia então se contorce, e os ventres sacodem os cobertores com ironias vagas.

— « Quelque innocent de Provence ! » doit penser chacun.

―“Algum inocente de província!” deve pensar cada um.

La dame et les messieurs, tous s’endorment ; je veille.

A senhora e os senhores, todos dormem; eu velo.

Le monstre et les anathèmes retournent me hanter, je hausse les épaules derrière mon épais rempart d’absolue certitude et, comme par une meurtrière, je lance à chaque dormeur un lazzi.

O monstro e os anátemas voltam a me martelar o espírito, eu sacudo os ombros por trás de minha muralha de certeza absoluta e, como por uma seteira, lanço a cada adormecido uma zombaria.

— « Moi, du moins, je ne serai pas vaincu ! » ai-je envie de proclamer.

―“Eu pelo menos não serei vencido!” tenho desejo de declarar.

M’emmitouflant, je m’apprête à ronronner des rêves d’avenir.

Agasalhando-me, preparo-me para ronronar sonhos do porvir.

Or, voici que, à la lueur filtrée par le rideau de la lampe, tout à coup s’accomplit un mystère.

Ora, acontece que pela luz filtrada pela cortina da lâmpada, de repente, realiza-se um mistério.

Un mystère !

Um mistério!

Tandis que, de tous mes voisins endormis, sinon la toupie d’Allemagne de leurs narines et le mignon clavier de la toujours sourieuse, plus rien ne semble vivre, un être d’une intensité de vie décuplée par le contraste des paralysies d’à-côté, un être s’est extériorisé de ma personne, en vérité je vous le dis, un être qui, harmonieux, vient, en des grâces menues de figurine, s’épanouir là précisément où se gonflait le monstre naguère.

Enquanto todos os meus vizinhos adormecem― exceto o pião da Alemanha de seus narizes e o delicado teclado da ainda sorridente, nada mais parece viver ― um ser de uma intensidade de vida decuplicado pelo contraste das paralisias ao lado, um ser exteriorizado de minha pessoa, em verdade eu vos digo, um ser que, harmonioso, vem em graças miúdas de estatueta desabrochar precisamente ali onde se avolumava antes o monstro.

— « Ma somme d’énergies a fermenté si vivacement depuis l’heure solennelle et décisive du départ que j’ai fini par germer et m’évader de toi vers le domaine des formes (m’exprime la chère apparition) ; je suis ta croyance en ta destinée, c’est-à-dire en toi, on me nomme ta Foi ! »

―“Minha soma de energias fermentou tão tenazmente desde a hora solene e decisiva da partida que acabei por germinar e evadir-me de ti em direção ao domínio das formas (expressa-me a querida aparição); eu sou a crença em teu destino, quer dizer, em ti, chamo-me tua Fé!”

Cela proféré, le lutin, avec des airs de conquérant, saute sur les genoux des dormeurs, escalade les bras, les épaules, à l’un il tire l’oreille, à l’autre la barbiche, à celui-ci le nez, à celui-là les cheveux, au vieillard il fixe les lunettes près de choir, enfin il grimpe tambouriner sur la tonsure fraîche de l’abbé, ce pendant que j’entends l’espiègle au timbre d’insecte les traiter l’un et l’autre de sot et de lâche.

Proferido isso, o duende, com ares de conquistador, salta sobre os joelhos dos adormecidos, escala os braços e ombros, de um puxa a orelha, de outro a barbicha, daquele ali o nariz, daquela lá os cabelos, do velhote deixa os óculos prestes a cair, enfim, sobe tamborilando sobre a careca fresca do abade, enquanto eu ouço o esperto em timbre de inseto chamar um e outro de idiota e covarde.

À présent il gambade sur les seins de la dormeuse au sourire affiché, dont il suppute les quenottes, observant, l’indiscret, que la plupart d’entre elles ont des assises d’or.

Logo pula sobre os seios da adormecida de sorriso fixo, da qual ele avalia os dentes, observando, indiscretamente, que a maior parte deles têm camadas de ouro.

N’était le geste bref de chasser une mouche déclenché par un dormeur, rien n’a trahi la présence occulte.

Não fosse o gesto leve de espantar uma mosca acionado por um adormecido, nada revelaria a presença oculta.

Sa gymnastique achevée, le lutin se hâte vers mes bras en tout bébé rose de force, et se dispose à me critiquer les dormeurs : il analyse leur lâcheté, énumère les raisons multiples de leur échec, me désigne les nerfs mous de leur désir et les feuilles mortes de leur volonté.

Concluída sua ginástica, o duende se apressa em direção aos meus braços como um bebê rosado de energia e se põe a criticar os adormecidos: analisa sua covardia, enumera as múltiplas razões de seu fracasso, designa-me os nervos moles de seu desejo e as folhas mortas de sua vontade.

S’ensuit un véritable cours de philosophie pratique agrémenté d’un feu d’artifice de noms fameux.

Segue-se um verdadeiro curso de filosofia prática ornamentado com fogos de artifício de nomes famosos.

— « Agis comme ces héros, non comme ces hommes », conclut-il en soulignant ceux-ci d’un geste de mépris.

―“Age como os heróis, não como esses homens”, conclui sublinhando os últimos com um gesto de desprezo.

Ma surprise est considérable de l’ouïr encore :

Minha surpresa é enorme ao ouvir ainda:

— « Tout de même méfie-toi du monstre ! »

―“Mesmo assim desconfia do monstro!”

— « Peuh ! je l’ai crevé d’un jet de rire. »

―“Peuh! eu o atravessei com um jato de riso.”

— « Eh, poète, pardon, ses avatars sont innombrables ! »

―“E, poeta, desculpa, seus avatares são inumeráveis!”

Et son œil de poupée cligne malignement vers la dame aux gencives de pactole.

E seu olho de boneca pisca malignamente em direção à senhora de gengivas ricas.

Le subtil va me divulguer moult secrets encore, lorsqu’un éternuement de l’ecclésiastique le fait rentrer en moi-même soudainement.

O sagaz vai me revelar ainda muitos segredos quando um espirro do eclesiástico faz com que entre subitamente em mim mesmo.

Jusques à Paris j’écoute la voix intérieure.

Até Paris ouço a voz interior.

Ô, entre tant d’autres, cette phrase :

Ó, entre tantas outras, esta frase:

— « Je suis en toi un atome de Dieu. Par-dessus tout ne m’égare point si tu veux triompher. Par moi tu édifieras une œuvre de vie et serviras l’humanité. Garde, ah ! garde farouchement ta Foi ! »

―“Eu sou em ti um átomo de Deus. Acima de tudo nunca me perca se queres triunfar. Através de mim tu edificarás uma obra de vida e servirás a humanidade. Guarda, ah! guarda selvagemente tua Fé!”

Mais à la longue il me semble que, lumineuses dans la demi-ténèbre, les quenottes de l’énigmatique dormeuse cherchent à grignoter ma provision d’espérance.

Porém, no decorrer da viagem me parece que, luminosos na semi-escuridão, os dentes da enigmática adormecida procuram roer minha provisão de esperança.

 

 

Roux, Saint-Pol. Les reposoirs de la procession I - La rose et les épines du chemin. Paris: Societé du Mercure de France, 1901, p.37-45.

Prado, Camilo (Org.). Contos Decadentes Franceses. [Por: Camilo Prado]. Edições Nephelibata (no prelo).

Excerto de “As embalsamadoras”, de Marcel Schwob. Tradução de Camilo Prado.

A

À Alphonse Daudet

A Alphonse Daudet

 

 

Qu’il y ait encore en Libye, sur les confins de l’Éthiopie où vivent les hommes très vieux et très sages, des sorcelleries plus mystérieuses que celles des magiciennes de Thessalie, je ne puis en douter. Il est terrible, certes, de penser que les incantations des femmes peuvent faire descendre la lune dans un étui à miroir, ou la plonger, quand elle est pleine, dans un seau d’argent, avec des étoiles trempées, ou la faire frire comme une méduse jaune de mer, dans une poêle, tandis que la nuit thessalienne est noire et que les hommes qui changent de peau sont libres d’errer ; tout cela est terrible ; mais je craindrais moins ces choses que de rencontrer encore dans le désert couleur de sang, des embaumeuses libyennes.

Que ainda existam na Líbia, nos confins da Etiópia onde vivem homens muito velhos e muito sábios, feitiçarias mais misteriosas que aquelas dos mágicos da Tessália, eu não tenho dúvida. É terrível, certamente, pensar que os encantamentos das mulheres podem fazer descer a lua em um espelho de estojo, ou mergulhá-la, quando está cheia, em um balde de prata, com estrelas encharcadas, ou fritá-la em uma frigideira como uma medusa amarela do mar, enquanto a noite tessaliana é negra e os homens que mudam de pele são livres para errar; tudo isso é terrível; mas eu temeria menos essas coisas que encontrar novamente no deserto cor de sangue as embalsamadoras líbias.

Nous avions traversé, mon frère Ophélion et moi, les neuf cercles de sables divers qui entourent l’Éthiopie. Il y a des dunes terrestres qui, dans le lointain, paraissent glauques comme la mer ou azurées comme des lacs. Les Pygmées ne parviennent pas jusqu’à ces étendues ; mais nous les avions laissés dans les grandes forêts ténébreuses, où le soleil ne pénètre jamais ; et les hommes couleur de cuivre qui se nourrissent de chair humaine et se reconnaissent les uns les autres au bruit des mâchoires sont plus loin au couchant. Le désert rouge où nous entrions pour aller vers la Lybie est selon toute apparence nu de cités et d’hommes.

Nós atravessamos, meu irmão Ophélion e eu, os nove círculos de areias diferentes que cercam a Etiópia. Há dunas terrestres que, à distância, parecem glaucas como o mar ou azuladas como lagos. Os pigmeus não chegavam até essas áreas; contudo, nós os tínhamos deixado nas altas florestas tenebrosas, onde o sol nunca penetra, e os homens cor de cobre que se alimentam de carne humana e se reconhecem uns aos outros pelo ruído das mandíbulas estavam mais longe, no poente. Segundo as aparências, o deserto vermelho onde entramos para ir em direção à Líbia é nu de cidades e de homens.

Nous marchâmes sept jours et sept nuits. Dans cette contrée, la nuit est transparente et bleue, fraîche et dangereuse aux yeux, si bien que parfois cette clarté bleue nocturne enfle les prunelles en l’espace de six heures et le malade ne voit plus se lever le soleil. Telle est la nature de ce mal, qu’il n’attaque uniquement que ceux qui dorment sur le sable et ne se voilent pas le visage ; mais ceux qui marchent nuit et jour n’ont à redouter que la poudre blanche du désert qui irrite les paupières sous le soleil.

Nós caminhamos sete dias e sete noites. Nessa região a noite é transparente e azul, fresca e perigosa para os olhos, de forma que às vezes esta claridade azul noturna incha as pupilas no espaço de seis horas e o doente não vê mais o nascer do sol. Tal é a natureza da doença, que ataca unicamente aqueles que dormem na areia e não cobrem o rosto; porém aqueles que caminham noite e dia têm apenas a temer a poeira branca do deserto que irrita as pálpebras sob o sol.

Le soir du huitième jour nous aperçûmes sur la plaine couleur de sang des coupoles blanches de petite dimension, disposées en cercle, et Ophé- lion fut d’avis qu’il était utile de les examiner. La nuit tombait rapidement, comme de coutume dans le pays libyen, et quand nous nous approchâmes, l’obscurité était très grande. Ces coupoles émergeaient de terre, et nous ne pûmes d’abord y reconnaître d’ouvertures ; mais quand nous eûmes franchi le cercle qu’elles formaient, nous vîmes qu’elles étaient trouées de portes qui avaient la hauteur d’un homme de taille moyenne et qui étaient toutes dirigées vers le centre du cercle. L’ouverture de ces portes était sombre ; mais par des orifices très étroits percés à l’entour passaient des rayons qui marquaient nos figures comme avec de longs doigts rouges. Nous étions aussi environnés d’une odeur que nous ne connaissions pas et qui semblait mêlée de parfums et de corruption.

No entardecer do oitavo dia nós percebemos na planície cor de sangue cúpulas brancas de pequena dimensão, dispostas em círculo, e Ophélion foi da opinião que seria útil examiná-las. A noite caía rapidamente, como de hábito no país líbio, e quando nos aproximamos a obscuridade era muito grande. As cúpulas emergiam da terra e nós não podemos de início reconhecer nelas aberturas; mas quando transpomos o círculo que elas formavam, vimos que eram perfuradas de portas que tinham a altura de um homem de estatura mediana e que eram todas voltadas para o centro do círculo. A abertura dessas portas era escura; mas em volta delas por orifícios muito estreitos passavam raios que marcavam nossos rostos como com longos dedos vermelhos. Também estávamos cercados por um odor que não conhecíamos e que parecia uma mescla de perfumes e de corrupção.

Ophélion m’arrêta et me dit qu’on nous faisait signe dans une de ces coupoles. Une femme que nous ne pouvions voir distinctement se tenait sous la porte et nous invitait. J’hésitai, mais Ophélion m’attira vers elle. L’entrée était obscure, ainsi que la salle ronde sous la coupole ; et, sitôt que nous y fûmes, celle qui nous avait appelés disparut. Nous entendîmes une voix douce qui prononçait des paroles barbares. Puis cette femme se trouva de nouveau devant nous, portant une lampe fumeuse d’argile. Nous la saluâmes et elle nous souhaita la bienvenue dans notre langue grecque, qu’elle parlait avec un accent libyen. Elle nous montra des lits de terre cuite, ornés de figures d’hommes nus et d’oiseaux, et nous fit asseoir. Ensuite, disant qu’elle allait chercher notre repas, elle disparut encore, sans qu’il nous fût possible de voir, à la faible lueur de la lampe qui était posée à terre, par où elle sortait. Cette femme avait une chevelure noire, et des yeux de couleur sombre ; elle était vêtue d’une tunique de lin ; une ceinture bleue soutenait ses seins, et elle sentait la terre.

Ophélion me deteve e disse que nos faziam sinal em uma das cúpulas. Uma mulher que não podíamos ver distintamente estava sob a porta e nos convidava. Eu hesitei, mas Ophélion me empurrou em direção a ela. A entrada era escura, assim como a sala redonda sob a cúpula; e, tão logo nós aí entramos, aquela que nos havia chamado desapareceu. Ouvimos uma voz doce que pronunciava palavras bárbaras. Em seguida, essa mulher se encontrou de novo diante de nós, portando uma lâmpada fumarenta de argila. Nós a saudamos e ela nos desejou as boas-vindas na nossa língua grega, que falava com um acento líbio. Indicou-nos camas de terra cozida, ornadas de figuras de homens nus e de pássaros, e nos fez sentar. Em seguida, dizendo que ia buscar nossa refeição, desapareceu novamente, sem que nos fosse possível ver, na fraca luz da lâmpada que estava colocada no chão, por onde havia saído. Essa mulher tinha uma cabeleira negra e olhos de cor escura; estava vestida com uma túnica de linho; um cinto azul sustinha seus seios, e ela cheirava a terra.

Le souper qu’elle nous servit dans des plats d’argile et des coupes de verre obscur fut de pain en couronnes, avec des figues et du poisson salé ; il n’y eut d’autre viande que des sauterelles confites ; quant au vin, il était rose et pâle, apparemment mêlé d’eau, et d’une saveur exquise. Elle mangea avec nous, mais ne toucha ni au poisson, ni aux sauterelles. Et tant que je fus dans cette coupole, je ne la vis pas mettre dans sa bouche de la chair ; elle se contentait d’un peu de pain et de fruits conservés. La raison de cette abstinence est sans doute dans un dégoût que l’on comprendra facilement par ce récit ; et peut-être que les parfums parmi lesquels cette femme vivait, lui ôtaient le besoin de la nourriture et l’apaisaient de leurs particules subtiles.

A ceia que nos serviu em pratos de argila e copos de vidro escuro foi pão redondo com figos e peixe salgado; não havia outra vianda que gafanhotos em conserva; quanto ao vinho, era rosado e pálido, aparentemente misturado com água, e com um sabor agradável. Ela comeu conosco, mas não tocou nem no peixe, nem nos gafanhotos. E enquanto eu fiquei naquela cúpula não a vi pôr carne na sua boca; ela se contentava com um pouco de pão e frutas em conserva. A razão dessa abstinência estava sem dúvida em uma repugnância que se compreenderá facilmente por esta narrativa; e talvez os perfumes entre os quais essa mulher vivia lhe subtraiam a necessidade de comida e a saciavam com suas partículas sutis.

Elle nous interrogea peu, et nous osions à peine lui parler ; car ses mœurs paraissaient étranges. Après le souper, nous nous étendîmes sur nos lits ; elle nous laissa une lampe et en prépara une autre plus petite pour elle-même ; puis elle nous quitta, et je vis qu’elle entrait au-dessous du sol par une ouverture située à l’extrémité opposée de la coupole. Ophélion semblait peu désireux de répondre à mes conjectures et je m’endormis jusqu’au milieu de la nuit d’un sommeil inquiet.

Ela pouco nos interrogou, e nós mal ousávamos lhe falar; pois seus hábitos pareciam estranhos. Após a ceia, estendemo-nos em nossas camas; ela nos deixou uma lâmpada e preparou outra menor para si; depois nos deixou, e eu vi que entrava no subsolo por uma abertura situada na extremidade oposta da cúpula. Ophélion parecia pouco desejoso de responder as minhas conjecturas e eu adormeci até o meio da noite com um sono inquieto.

Je fus réveillé par le son de la lampe qui crépitait, parce que la mèche avait brûlé jusqu’à l’huile, et je ne vis plus mon frère Ophélion auprès de moi. Je me levai et je l’appelai à voix basse ; mais il n’était plus dans la coupole. Alors je sortis dans la nuit, et il me sembla que j’entendais sous terre des lamentations et des cris de pleureuses. Ce son d’écho mourut rapidement : je fis le tour des coupoles sans rien découvrir. Mais il y avait une sorte de frémissement, comme d’un travail dans le sol, et au loin l’appel triste du chien sauvage.

Fui despertado pelo som da lâmpada que crepitava, porque o pavio tinha queimado até o óleo, e não vi mais meu irmão Ophélion perto de mim. Levantei-me e o chamei baixinho; mas ele não estava mais na cúpula. Então saí na noite e me pareceu que ouvia sob a terra lamentos e gritos de pranto. Seu eco morreu rapidamente: dei a volta nas cúpulas sem descobrir nada. Mas havia no chão uma espécie de agitação como de trabalho, e ao longe o apelo triste do cão selvagem.

Je m’approchai d’un des orifices d’où jaillissaient les rayons rouges, et je parvins à monter sur une des coupoles pour regarder à l’intérieur. Je compris alors l’étrangeté de la contrée et de la cité des coupoles. Car l’endroit que je voyais, éclairé à torchères, était jonché de morts ; et parmi des pleureuses, d’autres femmes s’empressaient avec des vases et des instru ments. Je les voyais fendre sur le côté des ventres frais et tirer les boyaux jaunes, bruns, verts et bleus, qu’elles plongeaient dans des amphores, enfoncer par le nez des figures un crochet d’argent, briser les os délicats de la racine et ramener la cervelle avec des spatules, laver les corps avec des eaux teintes, les frotter de parfums de Rhodes, de myrrhe et de cinnamome, tresser les cheveux, gommer les cils et les sourcils de couleur, peindre les dents et durcir les lèvres, polir les ongles des mains et des pieds et les entourer d’une ligne d’or. Puis, le ventre étant plat, le nombril creux, au centre de rides circulaires, elles allongeaient les doigts des morts, blancs et plissés, leur cerclaient aux poignets et aux chevilles des anneaux d’électron, et les roulaient patiemment dans de longues bandelettes de lin.

proximei-me de um dos orifícios por onde faiscava os raios vermelhos e consegui subir em uma das cúpulas para olhar seu interior. Compreendi então a estranheza do lugar e da cidade das cúpulas. Pois a parte que eu via, iluminada por tochas, estava coberta de mortos; e entre as que choravam, outras mulheres empenhavam-se com vasos e instrumentos. Eu as via fender os ventres frescos e tirar as vísceras amarelas, castanhas, verdes e azuis, que elas mergulhavam em ânforas, enfiar pelo nariz uma agulha de prata, quebrar os delicados ossos da ligação e retirar os miolos com espátulas; lavar os corpos com águas tingidas; friccioná-los com perfumes de Rhodes, de mirra de cinamomo; trançar os cabelos; engomar os cílios e as sobrancelhas com corante; pintar os dentes e enrijecer os lábios; polir as unhas das mãos e dos pés e as circular com uma linha de ouro. Depois, o ventre estando plano, o umbigo oco, no centro de rugas circulares, elas esticavam os dedos dos mortos, brancos e dobrados, circulando-lhes os punhos e os tornozelos com anéis de elétron, e os enrolavam pacientemente em longas e finas faixas de linho.

Toutes ces coupoles étaient apparemment une cité d’embaumeuses, où on apportait les morts des villes environnantes. Et dans certaines des habitations le travail s’accomplissait au-dessus, mais dans d’autres audessous du sol. La vue d’un corps qui gardait les lèvres serrées, entre lesquelles on passait un brin de myrte, ainsi que les femmes qui ne peuvent pas sourire et veulent s’accoutumer à montrer leurs dents, me fit horreur.

Todas as cúpulas formavam aparentemente uma cidade de embalsamadoras, para onde se traziam os mortos das cidades próximas. E em algumas das habitações o trabalho se fazia em cima, mas em outras embaixo do chão. A visão de um corpo que mantinha os lábios fechados, entre os quais se atravessava uma haste de mirto, como as mulheres que não podem sorrir e querem se acostumar a mostrar os dentes, causou-me horror.

Je résolus, aussitôt le jour venu, de fuir, avec Ophélion, la cité des embaumeuses. Et, en rentrant sous notre coupole, je replaçai une mèche dans la lampe, et je l’allumai au foyer, sous la voûte : mais Ophélion n’était pas revenu. J’allai au fond de la salle, et j’éclairai l’ouverture de l’escalier souterrain ; et d’en bas j’entendis un bruit de baisers. Alors je souris en songeant que mon frère passait une nuit amoureuse avec une manieuse de cadavres. Mais je ne sus que penser en voyant entrer sous la coupole, par une ouverture qui donnait sans doute dans un couloir pratiqué à l’inté- rieur de la muraille de ciment, la femme qui nous recevait. Elle se dirigea vers l’escalier, et écouta, ainsi que je l’avais fait. Puis elle se tourna de mon côté et sa figure me fit peur. Ses sourcils se touchèrent, et elle parut rentrer dans le mur.

Resolvi, tão logo amanhecesse, fugir com Ophélion da cidade das embalsamadoras. E, entrando em nossa cúpula, coloquei um pavio na lâmpada e iluminei o ambiente sob a abóbada: mas Ophélion não havia retornado. Fui ao fundo da sala e iluminei a abertura da escada subterrânea; e ali embaixo ouvi um ruído de beijos. Então sorri pensando que meu irmão passava uma noite de amor com uma manipuladora de cadáveres. Mas eu não soube o que pensar vendo entrar na cúpula, por uma abertura que dava sem dúvida em um apropriado corredor no interior da parede de cimento, a mulher que nos recebera. Dirigiu-se para a escada e escutou como eu havia feito. Depois se voltou em minha direção e seu rosto me deu medo. Suas sobrancelhas se tocaram e ela pareceu entrar novamente na parede.

Je retombai dans un profond sommeil. Au matin, Ophélion était couché sur le lit voisin du mien. Il avait la figure couleur de cendre. Je le secouai, et le pressai de partir. Il me regarda sans me reconnaître. La femme rentra, et comme je l’interrogeais, elle parla d’un vent pestilentiel qui avait soufflé sur mon frère.

Eu caí em um sono profundo. Pela manhã, Ophélion estava deitado na cama ao lado da minha. Tinha o rosto cor de cinza. Eu o sacudi e o apressei para partir. Ele me olhou sem me reconhecer. A mulher entrou, e como eu a interroguei, falou-me de um vento pestilento que havia soprado sobre meu irmão.

Tout le jour, il se retourna sur les côtés, agité par la fièvre, et la femme le regardait avec des yeux fixes. Vers le soir, il remua ses lèvres et mourut. J’embrassai ses genoux en gémissant, et je pleurai jusqu’à deux heures après le milieu de la nuit. Puis mon âme s’envola avec les songes. La douleur d’avoir perdu Ophélion me troubla et me fit réveiller. Son corps n’était plus auprès de moi et la femme avait disparu.

O dia inteiro ele revirou-se de todos os lados agitado pela febre, e a mulher o olhava com olhos fixos. Pelo fim da tarde remexeu os lábios e morreu. Eu abracei seus joelhos gemendo e chorei até próximo das duas horas após a meia noite. Depois minha alma desvaneceu-se com os sonhos. A dor da perda de Ophélion me perturbou e me fez despertar. Seu corpo não estava mais perto de mim e a mulher havia desaparecido.

Alors je poussai des cris, et je parcourus la salle : mais je ne pus trouver l’escalier. Je sortis de la coupole et montant vers le rayon rouge, j’appliquai mes yeux à l’ouverture. Or voici ce que je vis : Le corps de mon frère Ophélion était étendu parmi des vases et des jarres ; et on avait retiré sa cervelle avec le crochet et les spatules d’argent, et son ventre était ouvert.

Então gritei e percorri a sala: mas não pude encontrar a escada. Saí da cúpula e subi em direção ao raio vermelho, pus os olhos na abertura. Eis o que eu vi:

O corpo de meu irmão Ophélion estava estendido entre vasos e jarras; tinham lhe retirado os miolos com a agulha e as espátulas de prata e seu ventre estava aberto.

Déjà ses ongles étaient dorés et sa peau frottée d’asphalte. Mais il était entre deux embaumeuses qui se ressemblaient si étrangement que je ne pouvais distinguer celle qui nous avait reçus. Toutes deux pleuraient et se déchiraient la figure, et baisaient mon frère Ophélion, et le serraient dans leurs bras.

Já suas unhas estavam pintadas e sua pele friccionada com asfalto. Estava entre duas embalsamadoras que se assemelhavam tão estranhamente que eu não podia distinguir aquela que nos havia recebido. Todas as duas choravam e distendiam o rosto e beijavam meu irmão Ophélion e o apertavam em seus braços.

Et j’appelai par l’ouverture de la coupole, et je cherchai l’entrée de cette salle souterraine, et je courus vers les autres coupoles ; mais je n’eus point de réponse, et j’errais inutilement dans la nuit transparente et bleue.

Eu chamei pela abertura da cúpula e procurei a entrada daquela sala subterrânea e corri para as outras cúpulas; mas não obtive nenhuma resposta e errava inutilmente na noite transparente e azul.

Et ma pensée fut que ces deux embaumeuses étaient sœurs et magiciennes et jalouses, et qu’elles avaient tué mon frère Ophélion pour garder son beau corps.

E meu pensamento foi que essas duas embalsamadoras eram irmãs e mágicas e ciumentas, e que elas tinham matado meu irmão Ophélion para guardar seu belo corpo.

Je me couvris la tête de mon manteau et je m’enfuis éperdu hors de cette contrée de sortilèges.

Cobri a cabeça com meu manto e fugi desnorteado para fora desse lugar de sortilégios.

 

 

Schwob, Marcel. Le roi au masque d’or – Les embameuses. Paris: Editions du Boucher, 2003, p.30-34.

Schwob, Marcel. A cidade adormecida e outros contos fantásticos. Desterro: Edições Nephelibata, 2011, p. 19-25.

Bibliografia

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Obra própria

Conto

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Prado, Camilo. Pulcritude. Desterro: Edições Nephelibata, 2006.

Prado, Camilo. Apologia e prazer de Jhenifer Heloizy. Natal: Sol Negro Edições, 2010.

Prado, Camilo. Ermo. Desterro: Edições Nephelibata, 2012.

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