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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Bruno Palma

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Ivo de Souza Palma nasceu em 1927, em Araraquara, São Paulo. É conhecido pelo nome religioso, Frei Bruno Palma, da Ordem dos Dominicanos e assina suas traduções com seu nome literário Bruno Palma.

Recebeu da sua família o gosto pela leitura dos melhores autores da literatura portuguesa e brasileira e, desde cedo, pôde lê-los, em sua casa, por iniciativa própria ou como tarefa escolar.  O mesmo se pode dize do seu contato com grandes autores estrangeiros, em boas traduções. De par com essa iniciação literária, Bruno Palma recebeu, também da sua família, o gosto pelos grandes clássicos da música erudita, o que, na sua opinião, contribuiu para aperfeiçoar seu “ouvido musical” no trato com as traduções de obras poéticas.

Quanto à sua experiência tradutória, ela começou no ginásio, onde, nos cursos de latim, francês e inglês, ministrados desde o primeiro ano ginasial, havia, como prática habitual, a tradução para o português de textos escritos nessas línguas, e as chamadas “versões”, do português para elas.

Aos vinte e um anos de idade, converteu-se à fé católica e, no ano seguinte, ingressou na Ordem dos Pregadores (Dominicanos). Fez, em seguida, seus estudos de filosofia e teologia na França, no convento de Saint-Maximin-la Sainte-Baume (Var), de 1950 a 1956.

De volta ao Brasil, foi ordenado sacerdote, em 1957, por D. Helder Câmara e exerceu suas atividades sacerdotais e magisteriais em várias cidades brasileiras. Começou, desde 1958, a realizar traduções das obras de Saint-John Perse e publicá-las, primeiro em jornais depois em livro Poemas (1971, edição bilíngue, com prefácio de Antônio Houaiss).

Regressou, mais tarde, à França (com bolsa de estudos do governo francês) e, sob a tutela e orientação de um dos pais do estruturalismo, o lituano de origem russa Algirdas Julien Greimas (1917-1992), realizou, na antiga École Pratique des Hautes Études, pesquisas a respeito da tradução dos significados dos gestos litúrgicos em diferentes culturas (1972-1976). Data já da sua primeira estada no Brasil seu trabalho para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) da tradução do latim de textos litúrgicos e bíblicos.

Voltando da França, em 1976, continuou a se dedicar à tradução das obras de Saint-John Perse (1887-1975), prêmio Nobel de 1960. Entre elas, figuram Anábase (1979) pela qual recebeu o Prêmio Jabuti, em 1980; e Marcas Marinhas (Amers, 2003) que lhe valeu o prêmio da Academia Brasileira de Letras, em 2004.

Em 2011, publica Duplo Canto e Outros Poemas, que congrega três obras poéticas do poeta sino-francês François Cheng (1929): Double Chant, Cantos Toscans e Le Long d’um Amour.

Por sua contribuição à divulgação da literatura francófona, recebeu do Governo francês, em 1989, a comenda de Chevalier dans l’Ordre des Arts et des Lettres.

Realizou a tradução dos textos da Bíblia, do Antigo Testamento, escritos em hebraico, a partir da versão latina, chamada Nova Vulgata (Vaticano, Libreria Vaticana, 2. Ed. 1986). Bruno Palma escreve sobre seu trabalho de tradução em revistas, sobre a sua tradução de Amers para a revista francesa La Nouvelle Anabase (2009) e outros textos a serem publicados: sobre a sua tradução das obras poéticas de François Cheng (2013, revista francesa Europe) e outro sobre sua obra tradutória, uma entrevista para Marcus Fabiano Gonçalves, a ser publicada na revista do Instituto de Estudos Avançados da USP, 2012. Além desses textos, suas traduções, publicadas em livros, trazem, a par de uma Cronologia, Introduções e notas sobre os autores e as obras traduzidas.

Segundo ele, para ser um bom tradutor, é preciso ter competência, que se adquire por meio da prática. Bruno cita Octavio Paz (1971) sobre “a natureza eminentemente literária da tradução. Não há, diz o autor, nem pode haver uma ciência da tradução, embora esta possa e deva estudar-se cientificamente. Do mesmo modo que a literatura é uma função especializada da linguagem, a tradução é uma função especializada da literatura”.

Bruno não parte de uma teoria da tradução, mas de uma experiência ou prática da tradução, considerando sempre a leitura de boas traduções, as conversas com bons tradutores e o conhecimento posterior de várias teorias sobre tradução. Contudo, foi sua experiência tradutória que o capacitou, gradativamente, a criar sua maneira própria de traduzir.

Citação: PAZ, Octávio. Traducción: literatura y literalidad. Barcelona: Tusquets Editor, 1971, p. 13.

 

Verbete publicado em 7 de February de 2013 por:
Narceli Piucco
Marie-Hélène Catherine Torres

Bibliografia

Traduções Publicadas

Cheng, François. Duplo Canto e outros poemas. [Por Bruno Palma]. São Paulo, Ateliê Editorial, 2011. Edição bilíngue: francês- português. (Double Chant, Cantos Toscans e Le Long d’un Amour)

 

Monod, Jacques. O Acaso e a necessidade. Ensaio sobre a filosofia natural da biologia moderna. [Por Bruno Palma e Pedro P. de S. Madureira]. Petrópolis, Vozes, 1971. (Le hasard et la nécessité)

 

Maertens, Thierry e Frisque, Jean – Guia da Assembléia Cristã – Vol IV. [Por Frei Bruno Palma e Hilton Japiassu]. Petrópolis, Ed. Vozes, 1970.

 

Maertens, Thierry e Frisque, Jean – Guia da Assembléia Cristã – vol IX. [Por Frei Bruno Palma]. Petrópolis, Ed. Vozes, 1972.

 

Oração do tempo presente. (Comissão Nacional de Liturgia). [Por Frei Bruno Palma]. São Paulo, Edições Paulinas, 1971. (Prière du Temps Présent).

 

O papa do povo – João Paulo II. [Por Bruno Palma]. Rio, Nova Fronteira, 1980.

 

Perse, Saint-John. Anabase. Trad. integral do poema, precedido de Poesia ou Discurso de Estocolmo. [Tradução, Cronologia, em posfácio “Elementos para uma leitura de Saint-John Perse” e notas de Bruno Palma]. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1979. Edição bilíngue: francês - português. (Prêmio Jabuti de 1980) (Anábase)

 

Perse, Saint-John. Marcas Marinhas. [Tradução, Cronologia, Introdução e notas de Bruno Palma]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. Edição bilíngue: francês- português. (Prêmio da Academia Brasileira de Letras de 2004) (Amers)

 

Perse, Saint-John. Poemas. [Por Bruno Palma]. (Textos poéticos e em prosa. Prefácio de Antônio Houaiss). Rio de Janeiro: Grifo Edições. 1971. Edição bilíngüe: francês-português.

 

Textos litúrgicos e bíblicos para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. [Leitura bíblicas, para as missas, de Gênesis a Macabeus]. [Por Bruno Palma]. (do latim)

 

Tomás de Aquino, São - Suma Teológica (Quaest. 171 a 189 da IIa-IIae). [Por Bruno Palma]. São Paulo: Loyola, 2002. (do latim)

 

Touchard, Pierre-Aimé. O Teatro e a angústia dos homens. [Por Bruno Palma]. São Paulo: Duas Cidades, 1972. (Le théatre et l'angoisse des hommes)

Obra própria

Palma, Frei Bruno. Literatura latina – medieval e moderna. In: Enciclopédia Mirador, vol. XII, p. 6689-6691, 1976.  [com Pedro Paulo de Sena Madureira].

Palma, Bruno. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, sob a direção de Antônio Houaiss. Colaborador.  Rio, Bloch Editores, 1981.

 

Palma, Bruno. Colaboração com Alceu de Amoroso Lima, In: Arte sacra – Portinari (Texto e Comentários sobre as obras). Rio de Janeiro: Eds. Alumbramento, 1982. 

 

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