Adriana Lisboa :: DITRA - Dicionário de tradutores literários no Brasil :: 
Dicionário de tradutores literários no Brasil


Adriana Lisboa

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Adriana Lisboa Fábregas Gurevitz nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 25 de abril de 1970. Formou-se bacharel em música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) em 1994. Concluiu o curso de mestrado em Letras - Literatura Brasileira pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em 2002 e o doutorado em Literatura Comparada pela mesma instituição em 2007. Em 2000, concluiu o Curso de Especialização de Tradutores de Daniel Brilhante de Brito.

Adriana Lisboa, como assina suas traduções, também é escritora. Seu primeiro romance intitulado Os fios da memória foi publicado em 1999, pela editora Rocco, e seu romance mais recente, de 2024, Os grandes carnívoros, foi publicado pela editora Alfaguara. Nesse percurso também escreveu poemas, contos, ensaios e livros infantojuvenis e foi escritora residente na Universidade da Califórnia Berkeley. Durante um breve período atuou como professora na Universidade do Texas em Austin (português e literatura/cultura dos países de língua portuguesa) e entre os anos de 2015 e 2021, como professora independente, lecionou sobre a criação literária. Em 2014 e 2017 também foi pesquisadora visitante no Centro Internacional de Estudos Japoneses, Nichibunken (Kyoto), e na Universidade do Novo México.

Sua carreira como tradutora inicia em 2001, com a tradução do romance Jovens esposas de Olivia Goldsmith, pela Ediouro. Desde então, possui uma vasta produção neste campo. Em sua lista de autores e autoras traduzidas versam Anne Carson, Angela Carter, Maurice Blanchot, Anne Tyler, Emily Brontë, Stefan Zweig, Margaret Atwood, Marguerite Duras, Deborah Levy, Amy Bloom dentre  outras e outros.

Entre os muitos prêmios que Adriana Lisboa recebeu, destacam-se o Prêmio Literário José Saramago, em 2003, por Sinfonia em branco (2001); o Prêmio de Autor Revelação da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), em 2006, por Língua de trapos (2005); o Selo Cátedra 10 da Unesco, categoria distinção, em 2022, pela novela juvenil O coração às vezes para de bater (2007). Também foi contemplada com uma bolsa da Fundação Japão para Rakushisha (2007) e uma bolsa da Fundação Biblioteca Nacional para Um beijo de colombina (2003). 

Verbete publicado em 1 de March de 2025 por:
Luzia Antonelli Pivetta
Andréa Cesco

Excertos de traduções

Excerto de O verão de 80, de Marguerite Duras. Tradução de Adriana Lisboa

Donc, voici, j’écris pour Libération. Je suis sans sujet d’article. Mais peut-être n’est- ce pas nécessaire. Je crois que je vais écrire à propos de la pluie. Il pleut. Depuis le quinze juin il pleut. Il faudrait écrire pour un journal comme on marche dans la rue. On marche, on écrit, on traverse la ville, elle est traversée, elle cesse, la marche continue, de même on traverse le temps, une date, une journée et puis elle est traversée, cesse. Il pleut sur la mer. Sur les forêts, la plage vide. Il n’y a pas les parasols même fermés de l’été. Le seul mouvement sur les hectares de sable, les colonies de vacances. Cette année ils sont très petits, il me semble. De temps en temps les moniteurs les lâchent sur la plage, cela afin de ne pas devenir fous. Ils arrivent en criant, ils traversent la pluie, ils courent le long de la mer, ils hurlent de joie, ils se battent avec le sable mouillé. Au bout d’une heure ils sont inutilisables, alors on les rentre, on les fait chanter Les lauriers sont coupés. Sauf un, un qui regarde. Tu ne cours pas ? Il dit non.

Então, aqui estou, escrevendo para o Libération. Não tenho um tema para este artigo. Mas talvez isso não seja necessário. Acho que vou escrever sobre a chuva. Está chovendo. Chove desde o dia quinze de junho. Deveríamos escrever para um jornal como se estivéssemos andando na rua. Andamos, escrevemos, atravessamos a cidade, ela é atravessada, termina, a caminhada continua, da mesma forma atravessamos o tempo, uma data, um dia, e depois ele é atravessado, termina. Chove sobre o mar. Sobre as florestas, a praia vazia. Não há os guarda-sóis do verão, nem mesmo fechados. O único movimento nos hectares de areia, as colônias de férias. Este ano eles são muito pequenos, parece-me. De vez em quando os monitores os soltam na praia, de modo a não enlouquecerem. Eles chegam gritando, atravessam a chuva, correm junto ao mar, berram de alegria, travam batalhas com a areia molhada. Ao cabo de uma hora, estão inutilizáveis, então os levam para dentro, fazem-nos cantar Les lauriers sont coupés [Os louros estão cortados]. Exceto um deles, que observa. Você não quer correr? Ele diz não.

 

 

DURAS, Marguerite. L’Été 80. Paris: Les Éditions de Minuit, 2008 [1980].

DURAS, Marguerite. O verão de 80. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2024.

Excerto de Vidro, ironia e Deus, de Anne Carson. Tradução de Adriana Lisboa.

I took up the practice of meditation.
Each morning I sat on the floor in front of my sofa
and chanted bits of old Latin prayers.

De profundis clamavi ad te Domine.
Each morning a vision came to me.
Gradually I understood that these were naked glimpses of my soul.

I called them Nudes.
Nude #1. Woman alone on a hill.
She stands into the wind.

It is a hard wind slanting from the north.
Long flaps and shreds of flesh rip off the woman's body and lift
and blow away on the wind, leaving

an exposed column of nerve and blood and muscle
calling mutely through lipless mouth.
It pains me to record this,

I am not a melodramatic person.
But soul is “hewn in a wild workshop”
as Charlotte Brontë says of Wuthering Heights.

Adotei a prática da meditação.
Todas as manhãs me sentava no chão em frente ao meu sofá
e entoava passagens de antigas orações em latim.

De profundis clamavi ad te Domine.
A cada manhã me vinha uma visão.
Compreendi pouco a pouco que eram lampejos desnudos da minha alma.

Chamei-os de Nus.
Nu nº 1. Mulher sozinha numa colina.
Ela fica de frente para o vento.

É um vento intenso e oblíquo do norte.
Longas abas e lascas de carne arrancadas do corpo da mulher esvoaçam
e são levadas pelo vento, deixando

uma coluna exposta de nervo e sangue e músculo
que solta um grito mudo pela boca sem lábios.
É doloroso para mim registrar isso,

não sou uma pessoa melodramática.
Mas a alma é “talhada numa oficina bestial”
como diz Charlotte Brontë sobre O morro dos ventos uivantes.

 

 

CARSON, Anne. Glass, Irony and God. New York: New Directions, 1995.

CARSON, Anne. Vidro, ironia e Deus. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2025.

Bibliografia

Traduções Publicadas

ATWOOD, Margaret. A porta. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Rocco, 2013. (The Door). Poesia.

AZAM, Geneviève. Carta à Terra: e a terra responde. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2020. (Lettre à la Terre: et la Terre répond). Ensaio.

BARKER, Pat. Transgressão. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. (Border crossing). Romance.

BESSORA. Os órfãos. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2022. (Les Orphelins). Romance.

BLANCHOT, Maurice. Uma voz vinda de outro lugar. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Rocco, 2011. (Une voix venue d'ailleurs). Ensaios.

BLOOM, Amy. Longe daqui. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. (Away). Contos.

BRONTË, Charlotte. Jane Eyre: edição comentada e ilustrada. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: clássicos Zahar, 2018. (Jane Eyre). Romance.

BRONTË, Emily. O morro dos ventos uivantes. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: clássicos Zahar, 2016. (Wuthering Heights). Romance.

BULAWAYO, NoViolet. Precisamos de novos nomes. [por Adriana Lisboa]. São Paulo: Biblioteca Azul - Ed. Globo, 2014. (We Need New Names). Romance.

CARSON, Anne. Vidro, ironia e Deus. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2025. (Glass, Irony and God). Poesia.

CARTER, Angela. A câmara sangrenta e outras histórias. [por Adriana Lisboa]. Porto Alegre: Dublinense, 2017. (The bloody chamber and other stories). Contos.

DESMARTEAU, Claudine. Dicionário O Pequeno Rebelde. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Rocco, 2003. (Dictionnaire Le Petit Rebelle). Literatura Infantil e Infantojuvenil.

DURAS, Marguerite. Destruir, diz ela. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2025. (Détruire, dit-elle). Romance.

DURAS, Marguerite. Hiroshima meu amor. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2022. (Hiroshima mon amour). Roteiro de filme.

DURAS, Marguerite. Moderato cantabile. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2022. (Moderato cantabile). Romance.

DURAS, Marguerite. O arrebatamento de Lol V. Stein. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2023. (Le Ravissement de Lol V. Stein). Romance.

DURAS, Marguerite. O verão de 80. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2024. (L'Été 80). Crônicas.

DURAS, Marguerite. Olhos azuis, cabelos pretos & A puta da costa normanda. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2023. (Les Yeux bleus, cheveux noirs) (La Pute de la côte normande). Romances.

GOLDSMITH, Olivia. Jovens Esposas. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. (Young Wives). Romance.

KEEGAN, Claire. Pequenas coisas como estas. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2024. (Small Things Like These). Romance histórico.

KING, Stephen. Sombras da noite. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Suma, 2013. (Night Shift). Romance.

LAMBERT, Emmanuelle. O garoto do meu pai. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Autêntica Contemporânea, 2023. (Le Garçon de mon père). Romance autobiográfico.

LEVY, Deborah. Agosto azul. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Autêntica Contemporânea, 2024. (August Blue). Romance.

LEVY, Deborah. A posição das colheres. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Autêntica Contemporânea, 2025. (The Position of Spoons: And Other Intimacies). Biografia. Autobiografia.

LEVY, Deborah. Bens imobiliários. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Autêntica Contemporânea, 2023. (Real Estate: A Living Autobiography). Biografia. Autobiografia.

LEVY, Deborah. O custo de vida. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Autêntica Contemporânea, 2023. (The Cost of Living: A Working Autobiography). Biografia. Autobiografia.

LEZAMA LIMA, José. Dupla noite: Antologia poética. [por Adriana Lisboa e Mariana Ianelli]. São Paulo: Demônio Negro, 2022. Poesia.

MCCARTHY, Cormac. A estrada. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2025. (The Road). Romance.

MCCARTHY, Cormac. Onde os velhos não têm vez. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2023. (No Country For Old Men). Romance.

O’FARRELL, Maggie. Existo, existo, existo - dezessete tropeços na morte. [por Adriana Lisboa]. Porto Alegre: Dublinense, 2019. (I Am, I Am, I Am: Seventeen Brushes with Death). Memórias.

PERROTTA, Tom. Criancinhas. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. (Little Children). Romance.

PRESSFIELD, Steven. A última guerreira. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. (Last of the Amazons). Romance.

SA, Shan. A jogadora de go. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Rocco, 2004. (La Joueuse de go). Romance.

SHELLEY, Mary. Frankenstein. [por Adriana Lisboa]. Box Mestres do Terror. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. (Frankenstein). Romance Gótico.

SIBRAN, Anne. O primeiro sonho do mundo. [por Adriana Lisboa]. Belo Horizonte: Relicário, 2024. (Le premier rêve du monde). Romance.

SIJIE, Daí. O Complexo de Di. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. (Le Complexe de Di). Romance.

STEVENSON, Robert Louis. O médico e o monstro. [por Adriana Lisboa]. Box Mestres do Terror. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. (Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde). Romance Gótico.

STOKER, Bram. Drácula. [por Adriana Lisboa]. Box Mestres do Terror. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. (Dracula). Romance Gótico.

STRIEBER, Whitley. A última vampira. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. (The Last Vampire). Romance.

TOWER, Wells. Tudo destruído, tudo queimado. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Rocco, 2011. (Everything Ravaged, Everything Burned). Contos.

TYLER, Anne. A bússola de Noé. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Record, 2013. (Noah´s compass). Romance.

TYLER, Anne. O turista acidental. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Record, 2009. (The Accidental Tourist). Romance.

ZIZOU, Corder. O menino-leão. [por Adriana Lisboa]. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. (Lion Boy). Romance infantojuvenil.

ZWEIG, Stefan. 24 horas na vida de uma mulher. [por Adriana Lisboa] In: Três novelas femininas. Rio de Janeiro: Zahar, 2014. (Vierundzwanzig Stunden aus dem Leben einer Frau). Romance.

ZWEIG, Stefan. Carta de uma desconhecida. [por Adriana Lisboa] In: Três novelas femininas. Rio de Janeiro: Zahar, 2014. (Der Brief einer Unbekannten). Romance. 

Obra própria

Romance

LISBOA, Adriana. Os grandes carnívoros. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2024. 176p.

LISBOA, Adriana; OLIVEIRA, Jocy de. Realejo de vida e morte / Realejo dos mundos. Belo Horizonte: Relicário, 2023. 240p.

LISBOA, Adriana. Todos os santos. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2019. 152p.

LISBOA, Adriana. Hanói. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2013. 240p.

LISBOA, Adriana. Azul corvo. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2010. 304p.

LISBOA, Adriana. Rakushisha. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2007. 200p.

LISBOA, Adriana. Um beijo de colombina. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2003. 184p.

LISBOA, Adriana. Sinfonia em branco. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2001. 320p.

LISBOA, Adriana. Os fios da memória. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 224p.

Poesia

LISBOA, Adriana. Antes de dar nomes ao mundo. Belo Horizonte: Relicário, 2025. 112p.

LISBOA, Adriana. O vivo. Belo Horizonte: Relicário, 2021. 84p.

LISBOA, Adriana. Deriva. Belo Horizonte: Relicário, 2019. 80p.

LISBOA, Adriana. Equator. Tradução de Alison Entrekin. India: Poetrywala, 2019. 82p.

LISBOA, Adriana. Pequena música. São Paulo: Iluminuras, 2018. 96p.

LISBOA, Adriana. Parte da paisagem. São Paulo: Iluminuras, 2014. 120p.

Ensaio

LISBOA, Adriana. Todo o tempo que existe. Belo Horizonte: Relicário, 2022. 136p.

Contos

LISBOA, Adriana. O sucesso. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016. 174p.

LISBOA, Adriana. Caligrafias. Rio de Janeiro: Rocco, 2004. 92p.

Infantojuvenis

LISBOA, Adriana. Pipoca e Picolé. São Paulo: Elo, 2023. 36p.

LISBOA, Adriana. Um rei sem majestade. Rio de Janeiro: Rocco, 2018. 32p.

LISBOA, Adriana. A sereia e o caçador de borboletas. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. 46p.

LISBOA, Adriana. O coração às vezes para de bater. São Paulo: Publifolha, 2007. 80p.

LISBOA, Adriana. Contos populares japoneses. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. 88p.

LISBOA, Adriana. Língua de trapos. Rio de Janeiro: Rocco, 2005. 36p.

Site

https://www.adrianalisboa.com/

Apresentação | Créditos | Contato | Admin

ISBN:   85-88464-07-1

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Comunicação e Expressão

Apoio:

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Última atualização desta página

©2005-2025 - NUPLITT - Núcleo de Pesquisas em Literatura e Tradução

Site melhor visualizado em janelas com mais de 600px de largura disponível.