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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Tomaz Tadeu

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

TOMAZ TADEU DA SILVA nasceu a 7 de março de 1948, em Siderópolis, SC.

Vive em Porto Alegre, RS, desde 1968.

Licenciado em Matemática (UFRGS), mestre em Educação (UFRGS), é doutor em Sociologia da Educação pela Universidade de Stanford (EUA). “Ex-seminarista, ex-católico, ex-marxista, ex-petista, ex-tudo”, passou a maior parte de sua infância e adolescência no Brasil. Viveu nos Estados Unidos no período de seu doutoramento (1979-1984).

Começou a traduzir por volta de 1984-85. Foram inicialmente artigos e livros sobre teoria educacional e, mais tarde, textos de outros campos acadêmicos (sociologia, filosofia) tal como, por exemplo, Posições, um livro com entrevistas de Derrida.

Traduz do inglês e do francês. O acesso às duas línguas se deu fundamentalmente através da leitura e, no caso do inglês, contribuiu o fato de ter morado por três anos nos Estados Unidos. Não sente que domina o francês, que não fala, nem acredita que domine o inglês, que fala. Mas o inglês é a língua da qual traduz mais e com mais confiança, com a qual se sente mais cômodo embora, paradoxalmente, ache mais fácil traduzir do francês.

Após se aposentar, em 1998, na Faculdade de Educação (da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), passou a dedicar-se exclusivamente à tradução literária. Embora já tenha traduzido para as editoras Artes Médicas e Vozes, trabalha atualmente apenas para a Autêntica Editora, com a qual mantém uma relação “simplesmente perfeita”, traduzindo apenas obras que ele próprio escolhe – obras de que gosta, quase sempre de domínio público.

Não saberia precisar (“por falta de organização pessoal”), o número de traduções que já realizou. Mas, entre as mais recentes e as de que mais gosta estão: Ética (Spinoza), O Pintor da Vida moderna (Baudelaire), Rabiscado no teatro (Mallarmé), todas pela Autêntica Editora.

Embora não desconheça inteiramente as teorias de tradução, não tem por elas um interesse maior e tampouco se apóia, para traduzir, em nenhuma teoria específica. Porém, desde que se voltou para a tradução de obras de ficção, tem estudado com grande interesse e intensidade teorias de narrativa e teorias linguísticas sobre aspectos da narrativa.

Tomaz Tadeu é autor de vários livros, todos na área da teoria educacional, e dos quais dois foram traduzidos para o espanhol. Ao longo de sua trajetória, escrita e tradução sempre se deram de forma simultânea e há, entre uma e outra, uma influência bidirecional. Tomaz acredita que ambas o tornaram mais consciente da natureza e potencialidades de sua própria língua. 

Segundo ele, para ser um bom tradutor é necessário, “antes de tudo, um domínio da própria língua, ou seja, da língua para a qual traduz. Saber escolher a palavra justa, saber fazer as combinações certas, saber imprimir e ouvir o ritmo necessário. Depois, um domínio razoável das línguas de origem. Razoável, porque acredito que deficiências ocasionais nesse setor podem ser retificadas com a aplicação de esmero e cuidado”. 

Seu único projeto como tradutor é, “sem dúvida, nenhuma, me divertir. O meu próprio gozo, estético e literário”.

Verbete publicado em 5 de December de 2011 por:
Dorothée de Bruchard
Cláudia Borges de Faveri

Excertos de traduções

Excerto de Mrs Dalloway, de Virginia Woolf. Tradução de Tomaz Tadeu.

Mrs. Dalloway said she would buy the flowers herself.

A Sra. Dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores.

For Lucy had her work cut out for her. The doors would be taken off their hinges; Rumpelmayer’s men were coming. And then, thought Clarissa Dalloway, what a morning — fresh as if issued to children on a beach.

Pois Lucy estava cheia de serviço. As portas seriam retiradas das dobradiças; os homens da Rumplemayer's estavam chegando.E depois, pensou Clarissa Dalloway, que manhã - fresca como que surgida para crianças numa praia.

What a lark! What a plunge! For so it had always seemed to her when, with a little squeak of the hinges, which she could hear now, she had burst open the French windows and plunged at Bourton into the open air. How fresh, how calm, stiller than this of course, the air was in the early morning; like the flap of a wave; the kiss of a wave; chill and sharp and yet (for a girl of eighteen as she then was) solemn, feeling as she did, standing there at the open window, that something awful was about to happen; looking at the flowers, at the trees with the smoke winding off them and the rooks rising, falling; standing and looking until Peter Walsh said, ‘Musing among the vegetables?’ — was that it? — ‘I prefer men to cauliflowers’ — was that it? He must have said it at breakfast one morning when she had gone out on to the terrace -Peter Walsh. He would be back from India one of these days, June or July, she forgot which, for his letters were awfully dull; it was his sayings one remembered; his eyes, his pocket-knife, his smile, his grumpiness and, when millions of things had utterly vanished — how strange it was! — a few sayings like this about cabbages.

Que folia! Que mergulho! Pois fora a sensação que sempre tivera, em Bourton, quando, com um leve ranger das dobradiças, que podia ouvir agora, escancarava as folhas da porta do terraço e mergulhava no ar de fora. Que fresco, que calmo, mais parado que o de agora, sem dúvida, era o ar do começo da manhã; como a lambida de uma onda; o beijo de uma onda; gelado e cortante e, contudo (para uma garota de dezoito anos, que era o que tinha então), solene, sentindo, como sentia, ali parada junto à porta aberta, que algo terrível estava para acontecer; olhando as flores, a névoa desfazendo seus novelos em torno das árvores e as gralhas subindo, descendo; parada e olhando até que Peter Walsh dissesse: "Sonhando no meio dos vegetais?" - fora isso? - "Prefiro homens a couves-flores" - fora isso? Deve ter dito isso durante o café da manhã num dia em que ela tinha saído para o terraço - Peter Walsh. Estaria de volta da Índia um dia desses, em junho ou julho, não se lembrava bem, pois suas cartas eram terrivelmente sem graça; eram as frases que ele falava que a gente lembrava; os olhos, o canivete, o sorriso, a rabugice e, quando milhões de coisas tinham se apagado inteiramente - como isso era estranho! -, umas poucas frases, como essa sobre couves.

Virginia Woolf. Mrs Dalloway. Oxford: Oxford University Press, 2000, p. 3.

Virginia Woolf. Mrs Dalloway. [Por Tomaz Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica, 2012, p. 5-6.

Bibliografia

Traduções Publicadas

Spinoza, Baruch de. Ética. [Por Tomaz Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. (Ethica). Ensaio.

Baudelaire, Charles. Meu coração desnudado. [Por Tomaz Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. (Mon cœur mis à nu). Memórias. Edição bilíngue. Notas de Tomaz Tadeu.

Baudelaire, Charles; de Balzac, Honoré; Barbey d’Aurevilly. Manual do dândi. A vida com estilo. [Por Tomaz Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. Ensaios. Organização e notas de Tomaz Tadeu. Contém “Le Dandy”, (extraído de Le Peintre de la vie moderne) de Baudelaire; “Traité de la vie élégante” de Balzac e “Du dandysme et de George Brummel” de Barbey d’Aurevilly.

Valéry, Paul. Alfabeto. [Por Tomaz Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica, 2010,. (Alphabet). Ensaio. Edição bilíngue.

Mallarmé, Stéphane. Rabiscado no teatro. [Por Tomaz Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. (Crayonné au théâtre). Crítica. Notas de Tomaz Tadeu.

Baudelaire, Charles. O Pintor da Vida moderna. [Por Tomaz Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. (Le Peintre de la vie moderne). Ensaio. Notas de Tomaz Tadeu.

De Quincey, Thomas. Os últimos dias  de Immanuel Kant. [Por Tomaz Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. (The Last Days of Immanuel Kant). Memórias, ensaio.

Woolf, Virginia. Mrs. Dalloway. [Por Tomaz Tadeu]. Belo Horizonte: Autêntica, 2012. (Mrs. Dalloway). Romance. Terceiro lugar do Prêmio Jabuti de Tradução de 2013.

Obra própria

 

Teoria cultural e educação. Um vocabulário crítico. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

Documentos de identidade. Uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

O currículo como fetiche. A poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

Identidades terminais. As transformações na política da pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996.

Escuela, conocimiento y curriculum. Ensayos críticos. Trad. de Marcelo G. Cantos; Lina Lucchetta; Juan Ruben Ferguson; Martha Ardila Higuera. Buenos Aires: Miño y Dávila, 1995. (coletânea de vários ensaios)

O que produz e o que reproduz em educação. Ensaios de Sociologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

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ISBN:   85-88464-07-1

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